Inauguração da Rua Salgueiro Maia assinalou 51.º aniversário do 25 de Abril

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As cerimónias comemorativas do 25 de Abril, a efeméride mais marcante da História contemporânea de Portugal, desenrolaram-se em quatro atos. Arrancaram, pouco depois das 9.30, na Praceta Combatentes do Ultramar, com uma homenagem aos militares arcuenses (vivos e mortos) que lutaram bravamente pela pátria, momento em que foi guardado um minuto de silêncio em memória do Papa Francisco recém-falecido; continuaram, como de costume, na Praça Municipal, desta vez sem o tradicional içar de bandeiras (e com a bandeira portuguesa a meia haste), devido ao luto nacional em homenagem ao Papa “do povo”; prosseguiram na Casa das Artes, com o concerto da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez (SMAV); e terminaram em Giela com a inauguração da Rua Salgueiro Maia.

O Dia da Liberdade, com muitos populares munidos de cravos, serviu de mote para lembrar um dos mais marcantes acontecimentos da história contemporânea portuguesa: a guerra colonial. Neste primeiro andamento, sem o toque de silêncio que dantes era dado pelo clarim (mas com o ressoar da Portuguesa), foi efetuada a deposição de uma coroa de flores junto ao monumento que homenageia os antigos combatentes pela sua indelével entrega e amor à pátria (de 1961 a 1974). Com saudade, foram lembrados os 25 arcuenses que tombaram no Ultramar pelos valores da pátria. 

Na sua breve alocução, o presidente em exercício da Câmara Municipal, Olegário Gonçalves, sublinhou que “esta comemoração rende homenagem aos nossos antigos combatentes do Ultramar”, desafiando, de novo e publicamente, os antigos militares a “criarem o Núcleo dos Arcos da Liga dos Combatentes para que o mesmo possa organizar os atos protocolares sempre que algum ex-combatente falece neste concelho”. 

 

Cerimónias na Praça Municipal 

O segundo ato da jornada evocativa teve como ponto alto a cerimónia oficial de comemoração do 25 de Abril, com bastante público a assistir na Praça Municipal.

Na presença de individualidades políticas, civis e militares, a sessão que assinalou o Dia da Revolução teve a Guarda de Honra assegurada pelo corpo ativo da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (e respetiva Fanfarra), pelo Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 214 e pela Banda da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez. 

Sem o içar de bandeiras pelos motivos aduzidos, a Banda arcuense tocou, com grande entrega e virtuosismo, como é seu timbre, o hino português. 

 

Concerto sinfónico 

O momento artístico que se seguiu à parada na Praça Municipal lotou a Casa das Artes, onde a SMAV brindou o público com um grande concerto sinfónico, um autêntico recital de ecletismo, deixando a plateia completamente rendida à qualidade performativa da famosa Banda arcuense, que se apresentou em palco com uma nova indumentária (camisas) e um novo instrumento (saxofone), custeados pela edilidade arcuense.   

Sob a regência do maestro Álvaro Pinto, os cerca de sessenta músicos interpretaram, com brilhantismo, composições como Marina Civera (de Manuel Morales Martínez), La Forza del Destino (de Giuseppe Verdi, com arranjo de Franco Cesarini),  The Divine Comedy (de Robert William Smith), escolha perfeita para uma viagem pelos vários naipes e ritmos da Banda, e, acima de todas, a icónica Grândola, Vila Morena (de José Afonso, com arranjo de Luís Cardoso), canção revolucionária que se tornou hino da Revolução. 

 

Nome grande da História recente de Portugal honrado na toponímia arcuense

O dia comemorativo encerrou com a inauguração da Rua Salgueiro Maia, na artéria paralela à face oeste das Piscinas Municipais (Lamela/Requeijo, em Giela), uma homenagem que resulta da articulação entre o Município de Arcos de Valdevez e a União das Freguesias de Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela, que decidiram atribuir o nome do capitão na toponímia para honrar a memória do líder das forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril de 1974.

De lembrar o empenho neste processo do PS (a quem se deve a recomendação há mais de um ano) e dos cidadãos Duarte Barros (de Guilhadeses) e João Herculano Silva (de Faquelo, Arcos São Paio). 

A.F.B.