No arranque da Assembleia Municipal (AM) de 26 de abril, o autarca António Maria Sousa deixou farpas à condução dos trabalhos na AM extraordinária realizada na véspera.
“Em pleno Dia da Liberdade, num momento que deveria ser de celebração da liberdade de expressão e da democracia, os membros independentes desta AM foram impedidos de falar. Tiveram direito à palavra os partidos, mas as minorias ficaram de lado. Abril não é isto, é precisamente o contrário, é dar voz a todos! E por isso Arcos de Valdevez tem ainda um longo caminho a percorrer para se viver a liberdade”, constatou.
Para o presidente da Junta de Távora Santa Maria e São Vicente, o “empobrecimento do debate político” e as “restrições de difusão online das assembleias” não dignificam o 25 de Abril. “Infelizmente, esta AM, que tinha dado já um passo de grande evolução em 2020 ao propiciar a transmissão online das assembleias, decidiu dar um passo atrás e levou a um retrocesso a nível da liberdade de expressão e de pensamento. As AM deixaram de ser transmitidas online, devido a alegados problemas relativos à proteção de dados. Mas esta é uma questão que não se coloca noutros municípios, lamentavelmente nos Arcos os munícipes não têm direito a saber o que é discutido pelas pessoas que elegeram e sobre assuntos que lhes dizem respeito”, atirou o autarca independente, para quem “a proteção de dados funcionou como uma escapatória para acabar com as transmissões”.
“Que saibamos refletir sobre estes assuntos. Que consigamos perceber o impacto que estas pequenas coisas têm na liberdade conquistada há 50 anos e possamos cumprir o legado que nos foi deixado por aqueles que lutaram pela liberdade”, exortou António Maria Sousa, depois de recordar as razões de comemorar a efeméride.
“Celebrámos no passado dia 25 de Abril a liberdade. Neste grande marco dos 50 anos do 25 de Abril devemos relembrar todas as conquistas de direitos que esse dia nos trouxe e, mais do que isso, devemos lembrá-lo às gerações mais novas, explicar-lhes que nunca podemos assumir a liberdade como garantida, para que os mais jovens continuem este legado. […] Não devemos ter medo de opinar, de sugerir e de criticar, porque é esse mesmo o nosso papel e, felizmente, esse foi o maior privilégio que Abril nos deu, justamente o facto de podermos falar sem medo!”, concluiu António Maria Sousa.
Visado pelas palavras do autarca tavorense, o presidente da AM, Francisco Araújo, esclareceu que, “em reunião da Comissão Permanente, foi decidido agendar uma AM extraordinária para comemorar os 50 anos do 25 de Abril, tendo ficado acordado entre todos os partidos que na sessão em causa as intervenções seriam feitas pelos grupos políticos [PSD, PS, CDS e CDU] com assento nesta Assembleia”.