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Há dez tipos de rochas graníticas e mais de trinta minerais diferentes na geodiversidade dos Arcos

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No primeiro ato público de José Carlos Fernandes, diretor do Centro Ciência Viva dos Arcos – Oficinas de Criatividade Himalaya, o geólogo Diamantino Pereira debruçou-se sobre a “Geodiversidade de Arcos de Valdevez”, numa conferência que atraiu vários professores ao auditório. 

Para o académico, a geodiversidade é a “variedade de ambientes físicos, fenómenos, processos ativos geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis e solos que constituem a base para a vida na Terra”, como tal, “existe biodiversidade porque existe geodiversidade” – há biodiversidade porque há “habitats”, “formação e renovação de solos”, “água” e “nutrientes inorgânicos”, começou por dizer o ilustre convidado, licenciado em Geologia pela Universidade do Porto, doutorado em Ciências (ramo de Geologia) e professor no Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho.

Muito do conhecimento que temos decorre, justamente, da geodiversidade: “as rochas e os fósseis contam a história da Terra” e, mais do que isso, “as rochas e os minerais são a base das matérias-primas para grande parte daquilo que nos rodeia”. 

“A história da Terra está nos livros, obviamente, mas está nos livros porque alguém estudou rochas minerais e fósseis em laboratórios, extraindo daí dados que remontam a 4600 milhões de anos”, atalhou Diamantino Pereira. 

Para o investigador, “há geodiversidade nos Arcos, mas esta não é particularmente excecional”, e a mesma encontra expressão “nas rochas e nos minerais existentes” na serra de Soajo: “mais de trinta minerais diferentes”, “dez tipos diferentes de rochas graníticas” (“parecem todas iguais, mas são todas diferentes”), “rochas metamórficas” (rochas encaixadas, mais antigas), “depósitos glaciários e fluviais”, “falhas geológicas” e “fraturas variadas”. 

Cronologicamente, “os granitos dos Arcos ocorreram entre os 310 e os 280 milhões de anos, a uma profundidade até 6 quilómetros (2 milímetros de taxa de erosão média por século), numa fase em que o clima no planeta Terra era particularmente frio, devido às glaciações”, justificou Diamantino Pereira, 

As formas de relevo predominantes nos Arcos em termos de geodiversidade dão pelo nome de “escarpas graníticas”, “cascatas”, “vales retilíneos”, “geoformas graníticas de várias escalas” e “planaltos”, resultantes de processos ativos como a “erosão”, o “transporte de sedimentos”, os “movimentos de massa”, os “sismos”, entre outros fatores. 

“As rochas e os minerais são a base do nosso bem-estar”

Na ótica de Diamantino Pereira, a geodiversidade aporta serviços e valores “económicos” (recursos minerais e energéticos, além de fator indutor de turismo); “ecológicos” (é a base dos ecossistemas: turfeiras, vales encaixados, planícies); “funcionais” (substratos dos sistemas físicos); científicos/didáticos (por exemplo, idade de extensão máxima de um glaciar); “culturais” (como suporte de atividades culturais…); e “estéticos” (paisagens deslumbrantes em montanha, vales…). 

Segundo o investigador, não é exagerado dizer-se que “o nosso bem-estar se baseia no uso da geodiversidade”, pois, “uma vez obtidas as necessidades básicas de sobrevivência, o desenvolvimento social humano assenta na extração de recursos geológicos e no uso sustentável da geodiversidade”. 

“Desde os tempos mais primitivos do Homem que a exploração da geodiversidade tem levado a etapas sucessivas que nos leva ao bem-estar através do aproveitamento e da exploração dos recursos minerais”, vincou Diamantino Pereira. 

Geossítios dos Arcos

No património geológico de Arcos de Valdevez há três “geossítios, locais bem delimitados geograficamente e que concentram formações geológicas de relevante interesse científico, estético, ecológico, turístico, cultural e educativo, ajudando-nos a contar a história da Terra”. 

Os três geossítios da serra de Soajo, localizados nos montes da Peneda, são denominados de “Granito Orbicular de Couto do Osso” (“grande afloramento granítico de fácies orbicular”), Penameda (“a mais importante geoforma existente no concelho”) e Gorbelas-Junqueira (“excelente exemplo de glaciação”), apontou Diamantino Pereira. 

A.F.B.

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