São quase impercetíveis para quem por elas passa, e, ao primeiro relance, escapa-nos. Só um olhar mais profundo e atento aos pormenores, em que esta terra é rica, nos revela o que até parece estar escondido. A natureza pura em múltiplos aspetos, as construções antigas, nem tanto a arquitetura, os espigueiros (vulgo “canastros”) e algumas soluções ainda existentes no cultivo dos campos e condução de águas.
Neste caso, trata-se de pedras com muitas centenas de anos, que tiveram a sua função e utilidade, até ao dia em que foram arrumadas a um canto. Vetustas como são, pelo seu desproporcionado volume, peso e grafismo arcaico gasto que revelam, passaram talvez a constituir um problema. A falta de espaço para as acomodar resguardadas de provável destruição, ou a eventual decisão de as preservar, para quem tinha de lhes dar um destino seguro, depois de muitos anos de utilidade, deverá ter sido a razão para que tenham sido usadas no muro que circunda a igreja de Cabana Maior.
Assim, de uma forma quase despercebida, a igreja de Cabana Maior tem no seu muro um conjunto de pedras tumulares centenárias, com as inscrições originais gravadas, voltadas para a rua.
A falta de espaço para as guardar ou de melhor solução para as preservar, terá sido a forma de fazer com que elas ali continuem, ainda com utilidade e dando-se a ver, a quem delas ao passar der conta.
Ficam as histórias que continuam a contar.
Álvaro Galante