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Uma vida remediada e serena, “apenas” traída por uma desgraça familiar (perda de uma filha, vítima de acidente de viação). A história de vida de Daniel de Araújo Caldas, de 92 anos, abona a filosofia de que nem sequer faz gala: a tranquilidade, uma espécie de doutrina assente nos prazeres simples e naturais da existência, à boa maneira dos epicuristas.

“Comecei na agricultura com o meu pai e aí permaneci até aos 14 anos. Depois, fui para Lisboa, para onde iam muitos conterrâneos. O início foi como empregado de comércio e, mais tarde, passei a ser gerente, até sensivelmente aos 20/21 anos”. 

Por essa altura fez tropa. “Em 1953, prestei serviço militar em Lisboa e, posteriormente, no Porto. Ao todo, estive 16 meses na tropa. Foi aí que fiz a terceira classe, não cheguei a completar a quarta. Depois, casei-me e, entretanto, voltei a Lisboa, onde permaneci até 1965”, conta. 

A seguir, aventurou-se no estrangeiro. “Emigrei para a França, onde estive trinta anos na região de Paris – em todo este tempo só tive um patrão. Fui operário da construção civil. A empresa onde trabalhei era construtora de apartamentos, entre outros empreendimentos. No início, o ordenado era pequeno (ganhava 3 francos/hora), mas depois consegui melhores salários”, diz Daniel Caldas. 

 

Gozar a reforma “no meio da natureza”

De volta a Portugal em 1995, Daniel Caldas dedicou-se à labuta da terra e às tarefas campestres (horta e poda), quase como atividade de lazer. “Tenho terrenos à volta da casa, onde, à época, produzia milho, vinho… Era uma forma de me distrair no meio da natureza. Agora, as terras estão todas abandonadas. Já as quis vender, mas ninguém as quer”, lamenta. 

O nonagenário, sem histórico de problemas de saúde, descura, talvez por isso, um pouco as idas ao Centro de Saúde. “Tenho médica de família, mas há alturas em que me descuido um pouco. Houve uma fase em que estive quatro anos sem ir ao Centro de Saúde, foi preciso a médica chamar-me. Nessa ocasião, fiz análises e um exame ao coração, para despistar eventuais problemas. Felizmente, estava tudo bem. Neste momento, faz cerca de dois anos que já não vou ao Centro de Saúde”, estima. 

Daniel Caldas, viúvo há cerca de um ano, admite ter alguns cuidados à mesa. “Só bebo um copo de vinho às refeições, fora isso, não toco no vinho, optando por beber água ou cerveja. De resto, faço uma alimentação saudável, não posso comer alimentos gordos devido à vesícula. Em tempos cheguei a pesar 79 kg, hoje, tenho 65 kg, sinto-me melhor agora”, revela.

Daniel Caldas é um dos assinantes mais antigos do Notícias dos Arcos. “Sou assinante deste jornal há mais de sessenta anos. Quando fui para a França, em 1965, eu já era assinante do NA há anos e nunca interrompi a assinatura. Sempre gostei de ler um pouco de tudo”.

Pai de dois filhos, o José António e a Maria Helena (já falecida, vítima de acidente de viação), Daniel Caldas carrega este infortúnio há quase 25 anos, mas a força de continuar a viver é muita e, por isso, os 99 anos que a mãe viveu estão longe de ser uma miragem…

A.F.B.

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