O recém-empossado ministro da Educação e do Ensino Superior, Fernando Alexandre, natural de Ílhavo (Aveiro), é um exemplo de ascensão social, fruto, diz quem o conhece, do trabalho, da disciplina e da humildade. Era professor do Departamento de Economia e Investigador do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho.
Ingressou no mercado laboral, ainda adolescente, como empregado de balcão, onde trabalhou durante oito anos, em Quiaios (Figueira da Foz). Começou a trabalhar quando ainda frequentava o ensino secundário e continuou enquanto estudava economia na Universidade de Coimbra. “É uma pessoa com uma personalidade muito vincada. Muito honesto no trabalho, tinha um relacionamento humano bom e era profundo na análise. Trabalhava e, em simultâneo, seguia o percurso académico. Era um excelente aluno”, disse dele Álvaro Azenha, antigo proprietário da discoteca onde trabalhou Fernando Alexandre.
Apesar de ainda não ter aquecido o lugar, os sindicatos e associações estudantis não encararam com bons olhos esta indigitação. Para a FENPROF, o novo ministro traz uma “perspetiva economicista” para responder aos problemas da educação enquanto o Sindicato Nacional do Ensino Superior lamenta que as áreas da Educação, Ciência e Ensino Superior voltem a estar sob a mesma tutela, receando que o setor seja desvalorizado. Também os estudantes criticam a fusão: mais de vinte federações e associações académicas manifestaram o seu “veemente repúdio pela decisão” de juntar as três pastas num “super-Ministério”.
Independentemente das expetativas acalentadas, Fernando Alexandre, um confesso apoiante do ranking das escolas, terá como grande dor de cabeça à frente do Ministério da Educação, Ciência e Inovação a gestão do dossiê dos professores, com as problemáticas do recrutamento, do rejuvenescimento e da formação de mais professores no topo das prioridades. Segundo cálculos dos sindicatos, até 2030, serão precisos cerca de 34 500 novos professores para compensar as aposentações de 40% da classe, sensivelmente.
Outro dos grandes desafios é a implementação de respostas aos alunos estrangeiros que têm aumentado em anos recentes, agravando a pressão nas escolas por défice de professores.
Apesar da força corporativa da classe docente, o Governo da AD pretende pacificar o setor com a recuperação faseada do tempo de serviço (seis anos, seis meses e 23 dias) no continente, de modo faseado durante os próximos cinco anos.