“Entre o início de 2023 e 31 de março de 2024, foram criadas 187 empresas neste concelho”
A crise pandémica teve efeitos “nefastos” na economia de Arcos de Valdevez, devido ao “declínio da atividade económica” e ao “encerramento de várias empresas”, mas, nos anos subsequentes à tormenta, o número de empresas criadas até já supera o das unidades que cessaram atividade. Os dados foram fornecidos ao NA pela Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (ACIAB).
“Em 2020, encerraram 20 empresas, maioritariamente da construção civil. Em 2021, fecharam portas 30 empresas, principalmente da restauração e comércio. No ano de 2022, registou-se o encerramento de 25 empresas, com maior preponderância na área agrícola e no setor comercial. Em 2023, fecharam 20 unidades e, nos três primeiros meses de 2024, encerraram 15, de vários setores de atividade”, disse a este jornal a ACIAB, tendo por base os dados estatísticos oficiais.
Mas desde 2023 que a economia conheceu um impulso nos Arcos. “Entre o início de 2023 e 31 de março de 2024, foram criadas 187 empresas, permitindo recuperar o tecido empresarial que não resistiu à crise, depois de terem sido encerradas 110 empresas entre o início de 2020 e 31 de março de 2024. Aproximadamente 35% das empresas geradas nos Arcos encerraram nos dois primeiros anos de atividade, um indicador mais satisfatório do que a média nacional, que é de 41%, sensivelmente, segundo dados do INE”.
A “taxa de sobrevivência” das empresas arcuenses situa-se, portanto, nos 65%, enquanto no todo nacional a taxa anda pelos 59% – “isto significa que o concelho de Arcos de Valdevez é resiliente à realidade, principalmente em 2024, onde mais empresas encerram a nível nacional do que as que abrem. No concelho arcuense, no primeiro trimestre de 2024, abriram 25 empresas e encerraram 15”, pormenoriza a ACIAB.
As medidas empreendidas “responderam aos desafios” do presente e “ajudaram a catapultar a economia” de Arcos de Valdevez. “Foi positivo o impacto das medidas de promoção do empreendedorismo e dinamismo comercial, designadamente o PROCOM, com três edições, tendo sido apoiadas 55 empresas do concelho de Arcos de Valdevez, contribuindo para que as mesmas evoluíssem”, realça a ACIAB.
O PROCOM possibilitou a “renovação” e, simultaneamente, a “modernização” dos referidos 55 estabelecimentos. Além disso, tem havido, complementarmente, uma aposta de “incorporação de tecnologia e inovação”, um reforço do “comércio digital” e uma “presença digital mais forte”.
“Desenvolvimento tecnológico” contraria estagnação em diversos setores
Na vila dos Arcos têm fechado portas várias casas de referência (vestuário, artigos para o lar, restauração, peixarias, ferragens…), um sinal de que ainda há um longo caminho a percorrer para a economia se reinventar num território com índices de interioridade. “A economia é um ciclo interminável e em mutação constante, o que obriga a atualizações incessantes. Nos últimos anos, verificou-se um desenvolvimento tecnológico muito mais rápido do que no passado, e, no futuro, o crescimento será ainda mais acelerado. Esta realidade, que sempre se verificou, mas de forma mais lenta noutros tempos, tem precipitado o encerramento de diversos comércios ou serviços. A evolução tecnológica faz com que determinadas profissões deixem de existir ou se tornem residuais, como amoladores, sapateiros, alfaiates, ou comércios, como aluguer de filmes, papelarias, retrosarias, entre muitos outros”, justifica a Direção da ACIAB.
Para a Associação Comercial, “Arcos de Valdevez não é imune a essa evolução. Mas o ecossistema empresarial do concelho tem-se reinventado. Há agora negócios que não existiam no século anterior, há empresas tecnológicas, novos modelos ou conceitos de restauração, é um ciclo que, felizmente, no concelho está bastante vivo e dinâmico. É este desenvolvimento tecnológico que permite empregos qualificados e uma população com maior poder de compra, uma mais-valia para o florescimento de pequenos negócios”, ressalva a ACIAB.
Maior estrangulamento reside no “défice de mão-de-obra”
Há uma necessidade identificada e que é comum a territórios de baixa densidade populacional como o de Arcos de Valdevez. “O concelho necessita de atrair mão-de-obra qualificada e fixar população. Este caminho está a ser feito neste preciso momento”, congratula-se a ACIAB.
Importância dos acessos para “acelerar o desenvolvimento”
O crescimento da indústria do turismo tem sido uma “nota positiva” em anos recentes. “O setor está empenhado em captar um mercado que permaneça mais tempo no concelho, para isso é necessário oferecer mais atividades turísticas. Um ponto fulcral para acelerar o desenvolvimento é, indubitavelmente, a beneficiação dos acessos. É necessária uma rede viária melhor, designadamente com Espanha (Galiza), através da fronteira da Madalena e da introdução de características de autoestrada no IC28”, defende a ACIAB.
A.F.B.