“Adrenalina” à solta no “espetacular” Arcos TT

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O 24.º Arcos TT juntou cerca de 1300 amantes das motos de todo-o-terreno, de duas e quatro rodas, no passado dia 11 de março. Passeio, convívio e comida foram os principais ingredientes do evento, que teve o Campo da Feira de Arcos de Valdevez (em Guilhadeses) como novo local de concentração e de partida. Os motards, provenientes de Portugal e de 18 países estrangeiros, sobretudo onde estão radicadas as comunidades de emigrantes, deram por bem usado o tempo e o dinheiro.

O ponto alto da organização foi o passeio de noventa quilómetros que os motociclistas percorreram atravessando localidades como Arcos (São Salvador), Prozelo, Aguiã, Rio de Moinhos, S. Cosme e S. Damião, Vilela, Gondoriz, Couto, Ázere, Cabana Maior, Soajo, S. Jorge, Ermelo, Vale, Oliveira, Arcos São Paio e Giela. Os estradões, trilhos e caminhos foram invadidos, literalmente, pelo roncar dos motores, mas o chuvisco (persistente), a neblina e a lama castigaram um pouco os motards e impediram que a jornada tivesse sido perfeita. Como de costume, aqui e acolá, registaram-se algumas quedas (sem gravidade) e pequenas avarias mecânicas, como a de um motociclista francês, de Bordéus, logo assistido por compatriota, no Alto do Gião (Soajo).

Nas zonas de espetáculo montadas em Cabana Maior e em Giela, assim como na pausa para o almoço volante, no Mezio, os aficionados puderam admirar motas para todos os gostos, desde a denominada de motocrosse (trail/off-road) à moto 4 todo-o-terreno, passando pelos buggies e modelos mais clássicos, até aos engenhos de duas rodas construídos por verdadeiros apaixonados do motociclismo. Sendo motard ou não, ninguém ficou indiferente também aos modelos de capacete ou à camisola com design exclusivo e alusivo ao comércio tradicional e ao Arcos TT que os motoqueiros trajaram.

A juntar ao passeio turístico (sem nenhum espírito competitivo), a organização facultou test-drive a vários modelos das conceituadas marcas Polaris e Indian no ponto de concentração, em Guilhadeses.

À noite, no Centro de Exposições, depois de um lauto jantar, seguiu-se a troca de lembranças ofertadas pela organização aos vários clubes de motards, portugueses e estrangeiros, e a elementos que, desde 1999, têm contribuído para o enraizamento e sucesso do Arcos TT.

Na hora de balanço, o presidente do Moto Clube de Arcos de Valdevez (MCAV), Filipe Guimarães, sublinhou que “o grande número de participantes deixou bem evidenciado o trabalho que desenvolvemos ao longo destes anos e que é reconhecido por todos os intervenientes”.

 

Estrangeiros com manifestações superlativas

As reações dos motociclistas também foram positivas, mas, acima de todos, os estrangeiros adoraram a experiência. Oriundo de Palas de Rey (Lugo, Galiza, Espanha), Ivan Vasquez Casanova considerou “incrível” o passeio, enquanto o italiano Giovanni Zecca, de Fidenza (Parma), elogiou a jornada “espetacular” que a organização do MCAV a todos proporcionou. Já a portuguesa Paula Sousa, natural de Peso da Régua, mas radicada em Bordéus, teceu loas à “grande adrenalina” que sentiu nesta “excursão”.

 

Poluição sonora às portas do Parque Nacional afugentou gado

Ao invés, como aspetos menos positivos, sobraram os estragos provocados em estradões florestais e caminhos agrícolas (bastante escavados nalguns sítios), a imensa poluição sonora gerada às portas do Parque Nacional, que afugentou gado bovino e equino, assim como a passagem da caravana motard por território soajeiro, mesmo “sem o consentimento dos Baldios locais”, circunstância que deverá motivar a “apresentação formal de uma queixa-crime contra o MCAV”.

Acusado frequentemente de não proteger os ecossistemas naturais (floresta, fauna…), o MCAV passou à ação em 2020 quando decidiu plantar uma árvore por cada inscrito no grande passeio motard, como forma de diminuir o impacto ambiental e como resposta às alterações climáticas.

A.F.B./J.P.P.