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Central de biomassa a implantar pelo Município São Jorge integra projeto internacional de “aquecimento de aldeia” no lugar de Igreja

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O Município de Arcos de Valdevez está a desenvolver um projeto-piloto de cooperação transfronteiriça (com o apoio da União Europeia a 75%) no âmbito de uma candidatura ao programa Interreg Espanha-Portugal (POCTEP) para a integração da biomassa no sistema produtivo local, através da criação da ‘Aldealix’ no lugar de Igreja (São Jorge). A comunidade local envolvida poderá usufruir de energia calorífica em função do pagamento da matéria-prima e o espaço da aldeia funcionará em regime de condomínio, em torno do Centro Paroquial e Social de São Jorge (CPSSJ) e do empreendimento turístico ‘Varandas de São Jorge’, além do núcleo residencial existente nas imediações.

A criação desta aldeia-modelo integra um projeto-piloto de caráter internacional que vai integrar outras localidades, nomeadamente a aldeia de Tresminas (Vila Pouca de Aguiar) e duas aldeias galegas, Monterrei (Ourense) e Cerdedo-Cotobade (Pontevedra), entre outros parceiros, como a Agência Galega de Desenvolvimento Rural. Caso estes projetos obtenham bons resultados, a iniciativa poderá ser replicada noutras localidades, tanto no concelho arcuense como no País. 

Neste projeto inovador promovido pela edilidade arcuense estão planeadas várias ações de investimento, designadamente a implantação da central de biomassa na antiga escola primária de Souto da Lama. Para esse efeito, o Município autorizou a abertura de um novo procedimento concursal (o primeiro concurso ficou vazio) com vista à elaboração dos projetos de arquitetura e especialidades para a obra de construção e instalação da central de calor de biomassa no referido espaço. De igual modo, foi autorizada a aquisição de uma caldeira (de 250 kilowatts, kW) e do módulo energético (onde vai ser instalada a máquina) por concurso público. Na última fase do projeto, será aberto novo concurso público para a execução da rede.

Com esta iniciativa, pretende-se “potenciar o uso de recursos florestais” com fins energéticos; “estimular as comunidades energéticas”, com base numa rede de calor colaborativa; e “avançar com a transição energética”, adaptada às mudanças climáticas. Os benefícios apresentados para este projeto transfronteiriço residem no facto de o mesmo contribuir para a “transição energética”, a “luta contra as alterações climáticas” e a “valorização da floresta”.

 

“Preço por kW de calor 10 a 15% mais baixo do que o gás”

Em reunião do executivo, o chefe da Divisão do Ambiente do Município de Arcos de Valdevez explicou os contornos da iniciativa. “Depois de termos feito um estudo sobre a viabilidade do projeto relativo à biomassa junto à ETA de São Jorge (onde existe um centro de recolha de biomassa), chegámos à conclusão de que a iniciativa não era viável. Em função disso, foi efetuado um novo estudo para o lugar de Igreja, onde está sediado o CPSSJ (grande consumidor de calor), além de um empreendimento turístico nas proximidades. Do ponto de vista económico, obtivemos resultados que apontam para a mais-valia desta localização e, por isso, o próximo passo consiste em fazer os projetos de arquitetura e especialidades para a central de calor e distribuição na área que foi estudada”, começou por dizer Luís Macedo. 

“O lar e o empreendimento turístico garantem apenas uma pequena percentagem de consumo da caldeira (esta pode funcionar só a 20%), mas à medida que houver adesão o equipamento tem um potencial de alargar o fornecimento de calor para as habitações de particulares que queiram associar-se, em função das condições que forem oferecidas. Temos a esperança de que o preço por kW de calor seja 10 a 15% mais baixo do que o custo de mercado em relação ao gás e à energia elétrica”, estima o técnico municipal. 

Além do CPSSJ e da unidade hoteleira, a central de biomassa, a instalar na antiga escola primária (em vias de conversão), vai servir também o casario nas proximidades. A transmissão da energia calorífica será efetuada através de condutas (rede de transporte de água quente). 

A gestão do projeto será entregue a uma comunidade energética.

 

“Poderemos no futuro ganhar escala”

Segundo o presidente da Câmara Municipal, “se esta comunidade de energia funcionar, poderemos tentar ganhar escala no futuro, associando a central de biomassa a outras fontes de energia, nomeadamente a elétrica. Como? Teríamos de arranjar um espaço para colocar um conjunto de painéis solares para fornecimento de energia para um aglomerado de habitações”, apontou João Manuel Esteves, expectante em relação à maneira “como se vai desenvolver esta comunidade energética para avaliar o potencial da biomassa”. 

A.F.B.

 

Notas

 

Como funciona a central a instalar em S. Jorge

A central funcionará a partir do calor produzido pela combustão da biomassa (esquilha padronizada).  Esta energia é transformada em energia calorífica, conduzida para a comunidade por meio de condutas. 

 

“Amiga” do ambiente

A central de biomassa protege e preserva o meio ambiente. Esta fonte de energia é cada vez mais utilizada como uma alternativa aos combustíveis fósseis. Isto quer dizer que a biomassa é uma energia renovável. 

 

Vantagens da central de biomassa 

A energia calorífica (podia ser elétrica) produzida pela central de biomassa possibilita o reaproveitamento sustentável de materiais, apresenta uma alta eficiência energética e caracteriza-se por uma baixa emissão de gases poluentes.

Embora o equipamento industrial da central de biomassa implique um investimento elevado de aquisição, a energia em si apresenta um baixo custo, pelo que a rentabilidade – a prazo – fica assegurada.