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Pragas e doenças na agricultura reduzem rendimento e desafiam ciência

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Da vespa-asiática à flavescência dourada na vinha, da vespa das galhas-do-castanheiro ao fogo bacteriano nos pomares, da tinta (e do cancro) à podridão da castanha, da mosca da fruta em citrinos à traça dos produtos hortícolas, há um conjunto de pragas e doenças, algumas das quais recentes, a afetar a economia ligada ao mundo rural e a motivar a ciência para trabalhos de campo. No Minho, há apiários, vinhas e soutos atingidos.

A praga que mais fustiga o Alto Minho é a da vespa velutina (ou vespa-asiática), justamente a região onde ela se introduziu (em 2011). Por causa da propagação do inseto, os cerca de setecentos apicultores registados no distrito alto-minhoto têm vindo a sofrer prejuízos devido ao enfraquecimento (quebra no rendimento) dos apiários.

Apesar dos alertas, só em 2015, alguns anos depois de debates de discutível eficácia, é que foi implementada a plataforma “SOS Vespa Velutina”, um plano de ação para a vigilância e controlo da vespa-asiática que chegou a ser apresentado nos Arcos, emparceirando o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. 

Para contrabalançar o défice de recursos disponíveis (humanos e tecnológicos), foram sendo inventadas, por técnicos ou pelos próprios apicultores, diferentes armadilhas (à base de soluções alcoolizadas) para destruição dos ninhos vespeiros, umas mais eficazes do que outras, mas (quase) todas com o inconveniente de também “caçarem” espécies fundamentais para o equilíbrio da biodiversidade. Muito mais sofisticadas, as harpas elétricas, apesar de onerosas, garantem uma grande eficácia na redução predatória das vespas-asiáticas. 

Não por acaso, o combate a esta praga aparece cada vez mais ligado à investigação científica, que tem tido aqui uma produtiva área de estudo. Por isso é que há muitos técnicos de campo ligados a universidades nacionais e internacionais. Destes estudos já resultaram algumas conclusões. 

“Vespas-asiáticas já se adaptaram ao clima”

Sabe-se, agora, que as vespas fundadoras (rainhas) hibernam isoladamente em locais que favoreçam a sua segurança (telhados, solo, rochas, cascas/troncos de árvores…) durante o inverno, com a chegada do tempo frio. Pela primavera, as fundadoras que resistiram aos rigores do inverno abandonam o local de hibernação para conceberem a sua colónia no ninho primário, iniciando a postura de obreiras.

Depois, com o aumento da colónia, as obreiras transferem-se para o ninho secundário (em forma redonda ou em jarra, esta meticulosa construção pode atingir um diâmetro de, pelo menos, 80 cm), normalmente gerado em árvores de grande altitude, onde o número de indivíduos e o volume do ninho disparam consideravelmente. 

No outono e inverno, depois da fecundação, as futuras rainhas abandonam a colónia para a sua temporada de hibernação. Nesta altura, ocorre o desaparecimento da colónia com a morte das obreiras e do macho.

Embora este seja o mais padronizado ciclo de vida da vespa velutina, segundo a literatura especializada, está a ser observada, no entanto, uma alteração do modo de viver desta espécie, resultado provável de uma adaptação ao clima, pois têm sido identificadas vespas ativas nos meses mais frios.  

 

Vespa das galhas-do-castanheiro

Mas não é apenas a praga da vespa-asiática que aflige o mundo rural. Também a vespa das galhas-do-castanheiro está a atacar o norte de Portugal. O primeiro foco de infestação remonta a 2014, também no Minho, afetando agora também uma vasta área de Trás-os-Montes. 

Pouco tempo depois dos primeiros registos, segundo o investigador José Gomes Laranjo, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, passaram a existir “focos bastante desenvolvidos não só em castanheiros jovens como também em castanheiros adultos”.

 

Flavescência dourada da videira

Uma outra doença, que chegou a estar disseminada em muitos vinhedos do Alto Minho, é a flavescência dourada, mas esta começa agora a ficar contida. Está localizada em vinhas abandonadas ou semiabandonadas e é transmitida de uma cepa a outra através da picada do inseto vetor (scaphoideus titanus, vulgo cigarrinha). 

Dada a inexistência de técnicas de cura, os tratamentos devem ser efetuados na base do arranque e da queima das plantas contaminadas, sempre em respeito pelas circulares do Serviço de Avisos Agrícolas. 

A.F.B.

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