A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, presidiu, na Porta do Mezio, à sessão de apresentação dos projetos que o Fundo Ambiental protocolou com os cinco municípios integrantes do Parque Nacional (PN), a Comissão de Cogestão do PN, a associação BIOPOLIS e os promotores da iniciativa tendente à melhoria das condições de segurança na antedita Área Protegida, num investimento total de 3,8 milhões de euros. No concelho de Arcos de Valdevez, a pedra de toque reside no desenvolvimento da “Branda Científica de São Bento do Cando” (Gavieira).
Segundo adiantou a administradora delegada da ADERE, Susana Almeida, os projetos a implementar em 2025, nos municípios do PN, com o apoio do Fundo Ambiental, prendem-se com o “Espaço Polivalente e de Divulgação das Brandas do PN”, nos Arcos; a beneficiação de espaços públicos e da viação rural na freguesia de Britelo, em Ponte da Barca; a relocalização da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Castro Laboreiro, em Melgaço; o “Centro Interpretativo da Cabra-Montês (Aldeia da Ermida) e o Centro Interpretativo da Vezeira de Vilar da Veiga”, ambos em Terras de Bouro; o arranjo urbanístico na aldeia de Outeiro, em Montalegre; e a comunicação, informação e sensibilização sobre os valores naturais e culturais do PN, sob iniciativa da referida Associação de Desenvolvimento Regional. Cada um destes projetos envolve um financiamento de 300 mil euros, representando um investimento total de 1,8 milhões de euros no ano em curso.
Branda da Gavieira vai alojar cientistas para estudar biodiversidade e gestão sustentável dos recursos naturais
O biólogo Nuno Ferrand de Almeida, presidente do centro de investigação BIOPOLIS – considerado o maior projeto europeu nas áreas do Ambiente e da Biodiversidade –, fez uma apresentação detalhada da futura “Branda Científica de São Bento do Cando”.
“Em pleno coração do PN, irá ser construída uma estação internacional de investigação interdisciplinar nas áreas da biodiversidade e ecossistemas, das alterações climáticas, dos recursos genéticos, naturais e culturais”. Aí, os investigadores portugueses e estrangeiros “ficarão alojados e poderão realizar trabalhos nos edifícios a reabilitar, indo ser criado um conjunto de laboratórios e de espaços de apoio”. A Branda Científica também vai oferecer condições para “acolher cursos de doutoramento e mestrado de curta duração, bem como trabalho de campo de investigadores”. Com esta iniciativa na Gavieira, que “mobiliza a Academia, a sociedade civil, o Estado e o setor privado”, os vários parceiros pretendem “promover o conhecimento e a inovação para valorizar o território do PN”.
Por seu lado, o presidente do Município de Arcos de Valdevez, depois de elogiar “a sintonia existente entre os cinco municípios do PN, tendo por base os 8 mil anos de interação entre o Homem e a Natureza”, realçou que “o Parque possui a vantagem de ser único em Portugal, tendo sido o primeiro espaço com o estatuto de Área Protegida no País”, além de ser reconhecido, a par do Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés (Galiza), como “a primeira Reserva Mundial da Biosfera Transfronteiriça entre Portugal e Espanha”.
“Esta distinção, da UNESCO, traduz o nosso contributo para a conservação da natureza, para o desenvolvimento regional e para o conhecimento”, notou João Manuel Esteves, acrescentando que “o património natural e o património cultural são pilares fundamentais do processo de desenvolvimento deste território, juntamente com os recursos humanos”. Fruto desta simbiose, “não há tese de mestrado e de doutoramento, ou pós-doutoramento, sobre biologia que não fale do PN”, concluiu o edil arcuense.
“Governo comprometido com a valorização do PN”
De regresso ao PN, a ministra do Ambiente e Energia referiu que “o Governo está comprometido com a preservação e valorização deste extraordinário património natural do nosso País, como parte de uma estratégia integrada para o PN”.
A pensar neste desígnio, prosseguiu a governante, “foram celebrados, recentemente, seis protocolos de apoio a projetos previstos em Planos de Cogestão do PN (com cada um dos cinco municípios do Parque e com a própria Comissão de Cogestão do PN), além dos protocolos referentes à Branda Científica de São Bento do Cando (envolvendo o Fundo Ambiental e o centro BIOPOLIS) e ao investimento específico destinado à melhoria das condições de segurança no PN”.
Ministra anuncia “verba anual” para “dar estabilidade à cogestão do PN”
Em resposta ao reclamado pacote financeiro com vista a uma efetiva autonomia da cogestão do PN, a governante Maria da Graça Carvalho adiantou que “está a ser ultimada uma Resolução do Conselho de Ministros, a qual irá aprovar o projeto de Cogestão de Áreas Protegidas, de 2025 a 2028, sob a designação ‘Cuidando do Ambiente e das Pessoas’, prevendo verbas para os devidos efeitos”.
Este projeto visa “assegurar as condições materiais para capacitar os agentes envolvidos na cogestão”; “custear a contratação de técnicos”; e “promover o alargamento no âmbito da cogestão através de intervenções de restauro, por intermédio da linha de financiamento do Fundo Ambiental”.
“Com este passo, acredito que iremos trazer uma estabilidade à cogestão do PN”, avultou a ministra do Ambiente e Energia.
A medida vai atribuir ao PN uma “verba anual” compatível com “a dimensão, as características e as necessidades do território”.
A.F.B.
Parque Nacional
Eixos estratégicos
Os três eixos estratégicos de atuação no âmbito da cogestão do PN, que acomodam o conjunto integrado de iniciativas para a valorização e desenvolvimento sustentável, são a “promoção do PN”; o “desenvolvimento socioeconómico”, associado à “utilização sustentável do PN”; e a “promoção da qualidade ambiental”, aliada à “gestão eficiente dos recursos existentes no PN”.
Acidentes e resgates em montanha
Para reduzir os acidentes e os resgates em montanha na área do PN, “será feita uma aposta na prevenção, assegurando proteções físicas (integradas no ambiente) ao longo dos caminhos, nas zonas mais difíceis (com precipícios), de modo a evitar os acidentes que têm existido no PN, e com todas as dificuldades inerentes ao socorro”, frisou a ministra Maria da Graça Carvalho.
Ancoradouro na Várzea
O ancoradouro previsto, há muitos anos, no Plano de Ordenamento das Albufeiras ainda está por construir na Várzea (Soajo). “Há projetos que, devido à sua dimensão, terão de esperar por outras oportunidades”, justificou João Manuel Esteves, que respondeu evasivamente, quando questionado, sobre a pouca atenção dada pela Comissão da Cogestão à fileira do mel, ao contrário do que acontece com o setor produtivo da agropecuária.