Oficinas de Criatividade Himalaya reservam lugar cativo para a ciência nos Arcos

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As Oficinas de Criatividade Himalaya, inauguradas em 2021, tornaram-se rapidamente um espaço de referência para a promoção da ciência e as mesmas conheceram um impulso desde que José Carlos Fernandes foi nomeado diretor no final do verão de 2023. Destinadas ao público escolar e à comunidade em geral, este equipamento está a ser palco de inúmeras atividades de cariz prático na área das ciências. Aliás, o espaço é dedicado à figura e legado do padre Himalaya, nascido em Cendufe, um dos maiores cientistas e visionários portugueses na viragem do século XIX para o século XX, em áreas como as energias renováveis (aproveitamento da luz solar), a ecologia, a medicina, a educação, a saúde e o vegetarianismo.

A infraestrutura, que resulta da reabilitação e recuperação do antigo liceu, está convertida num lugar reservado à ciência e à inovação, ao mesmo tempo que dá “asas” ao património, à cultura e à identidade local. “É um espaço de ciência nas suas diferentes vertentes e é um Centro de Ciência Viva. No âmbito do seu projeto mais emblemático, a Escola Ciência Viva, este equipamento funciona como um complemento daquilo que é lecionado nas salas de aula das escolas”, diz José Carlos Fernandes, ressalvando que “este não é um espaço exclusivo para a comunidade escolar”. 

Também pretende ser “um ponto de encontro para as famílias”, assim como para a comunidade em sentido mais lato, apostando em diversas “atividades práticas e experiências”, além da dinamização de conferências com cientistas e investigadores convidados. 

Mas ainda existe um caminho a percorrer. “Paradoxalmente, ainda há muita gente que passa aqui e que se questiona sobre o que acontece neste espaço, apesar do muito trabalho que a minha equipa tem desenvolvido”, realça o diretor das Oficinas.

Voltando à Escola Ciência Viva, este é um projeto que está a mexer com os pequenos cientistas. “Ao abrigo desta iniciativa, cada uma das turmas do 4.º ano do Agrupamento de Escolas de Valdevez tem aqui uma semana de aulas com enfoque no ensino experimental e laboratorial. Eles vestem as batas de cientista e vão para o rio fazer investigação, tal como fazem nos laboratórios. O público escolar adora o que faz aqui. Por isso é que os depoimentos dos alunos não podiam ser melhores, dizem ‘não quero sair daqui mais, esta é a melhor escola do mundo!’ Não queremos que seja uma escola alternativa, mas, sim, complementar à que as turmas têm na escola pública”, reforça José Carlos Fernandes. 

 

Oficinas por dentro: Núcleo Interpretativo, labirinto, hemisfério, holograma…

O percurso do padre Himalaya serve de base ao desenvolvimento da iniciativa que engloba o “Núcleo Interpretativo Himalaya”, um equipamento documental e biográfico que faz uso de recursos tecnológicos de vanguarda, incluindo salas e espaços alusivos à ciência e à pedagogia, como o “Centro da Ecocidadania” e o “Labirinto Himalaya”, dedicado, de igual modo, à figura universal do cientista de Cendufe. 

As Oficinas, alinhadas com os avanços tecnológicos, dispõem também de vários instrumentos educacionais como o “Hemisfério”, uma “cúpula hemisférica de projeção de alta definição em 360º que transporta o público para autênticas ‘viagens’ em tempo real, traduzindo-se numa experiência inesquecível de imagem e som”.

Numa das salas, os miúdos e graúdos podem experimentar atividades e jogos de ciência, incluindo entrar para o interior de uma bolha de sabão; numa bicicleta pode pedalar-se até produzir a força motriz necessária para acender uma lâmpada; na outra ala, há um holograma do padre Himalaya que interpela o público visitante, ao mesmo tempo que disponibiliza diversa informação; nos laboratórios quem quiser pode dar largas à veia científica que tem em si; e no auditório os homens e mulheres de ciência convidados descodificam temas complexos para o público em geral. 

No ‘Centro Ciência Viva dos Arcos’, o visitante encontra ainda mostras demonstrativas de ciência, nomeadamente a exposição “Minerais e Rochas – Coleção Silva Ferreira”, constituída por grande número de exemplares geológicos (minerais, rochas, meteoritos e fósseis) provenientes de vários países e continentes para retratar a geodiversidade (e as transformações) do Planeta. 

Por fim, o espaço exterior oferece equipamentos de uso livre, ligados à ciência, assim como uma réplica em tamanho natural do pirelióforo, a famosa máquina solar que Himalaya apresentou na Exposição Universal de Saint Louis de 1904. 

A.F.B.