Empresa de Avelino Amorim produz embalagens e sacos para marcas de luxo em França

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Nasceu em Távora Santa Maria a 22 de fevereiro de 1951, completa 74 anos no próximo sábado. Fez a quarta classe no torrão natal, depois dedicou-se à lavoura e ao comércio em casa dos pais, até aos 18 anos, altura em que celebrou matrimónio. A 11 de abril de 1971, numa quinta-feira Santa, Avelino Gonçalves Amorim e a mulher partiram a salto para França. Em Paris, o jovem teve ajuda nos primeiros meses de alguns amigos, depois desenrascou-se e fundou uma empresa que trabalha para famosas marcas do universo da perfumaria, maquilhagem e moda.

“Em França, comecei a trabalhar numa fábrica artesanal de confeção de livros, aí operei durante seis meses para obter a documentação, findo esse período, mudei de secção na mesma unidade fabril e, durante um ano, estive dedicado à perfumaria e maquilhagem”, começa por dizer Avelino Amorim, pai de quatro filhas (uma já falecida) e avô de cinco netos. 

Depois desta experiência, Avelino Amorim empregou-se noutra fábrica da mesma área, onde teve uma ascensão fulgurante. “Fui condutor de máquinas, chefe de fábrica, diretor de departamento, assistente da Direção e, com o falecimento do patrão, lancei-me por minha conta em 1999, abrindo a empresa Dorure de la Prairie que tenho hoje em Villebon-sur-Yvette, depois de ter sido incentivado por clientes e fornecedores a seguir o meu próprio caminho”. 

A Dorure de la Prairie, detida por Avelino e pelas três filhas, emprega oito pessoas, a maioria membros da família, sendo uma reconhecida empresa artesanal de estampagem a quente e gravação em relevo de embalagens de luxo.  

 

“Louis Vuitton, Channel, Hugo Boss, Yves Saint Laurent e Creed são nossos clientes”

É um negócio lucrativo. “Desde o primeiro momento que a gestão é feita de forma cerebral. O serviço que prestamos é muito confiável. As embalagens são produzidas integralmente, de forma artesanal, na Dorure de la Prairie, assim como os frascos de perfumaria e maquilhagem. E também fazemos sacos topo de gama”, conta Avelino Amorim.

Com grande notoriedade no meio da perfumaria e maquilhagem, a Dorure tem uma carteira de clientes de inegável prestígio, onde se incluem a “Louis Vuitton, Channel, Hugo Boss, Yves Saint Laurent ou Creed”. “É uma honra servir estas grandes marcas que identificam a França. Sou mais caro 20% do que a concorrência, mas os clientes preferem dar o trabalho à minha empresa porque sabem de antemão que o serviço é de qualidade e é feito antes do prazo acordado”, ressalva Avelino Amorim, que ainda pensou em expandir a atividade a Portugal, mas logo desistiu da ideia de trazer uma filial para cá “devido aos impostos”. 

Desde que se aposentou, em 2015, Avelino Amorim faz uma gestão à distância, através da internet. “Confio plenamente na minha filha Patrícia, atual diretora, e no meu genro”. Mas, de vez em quando, o empresário faz uma visita à Dorure de la Prairie, a próxima está marcada para maio.  

Benemérito de Távora Santa Maria

Fiel às suas origens, Avelino Amorim é um benemérito da terra que o viu nascer. “Sou um dos maiores investidores na freguesia de Távora Santa Maria. Custeei as Alminhas na Ponte da Senhora da Piedade em 2019; o parque de merendas (mesas, cadeiras e coberturas) no santuário da Senhora da Piedade; o Cruzeiro e, nas proximidades, as Alminhas; a Festa em honra da Senhora da Piedade em 2021; e a aquisição de dez Apóstolos para completar a família em falta no escadório em 2022. Além disso, contribuo financeiramente para a Rusga e para o Centro Recreativo e Cultural de Távora. Ao todo, já investi cerca de 100 mil euros”, estima.

“Homem de fé”, Avelino Amorim sabe de onde vem. “Quando deixei Távora, a 11 de abril de 1971, despedi-me da Senhora da Piedade antes de entrar no táxi que me levou a Monção, para atravessar o rio e ir a salto rumo a França. Sou muito crente, é a fé que me move, sinto que, se ofereço 10 [euros], a fé compensa-me com vinte [euros]”, reconhece.

Foi em França que Avelino teve de enfrentar uma tragédia familiar. “Devido a acidente, perdi uma filha com 16 anos e meio na fábrica onde eu era diretor. Aconteceu a 13 de maio de 1987, dia de Senhora de Fátima. Passei uma fase muito negativa. Tive a sorte de ter um santo patrão que me deixou passar uma temporada (três meses) em zona serrana, onde ele tinha uma produção de animais, a mais de 200 km de Paris”. 

 

“Távora e concelho desenvolveram-se muito”

Atento ao pulsar dos Arcos, Avelino Amorim elogia o progresso. “Sem dúvida que a Câmara, sob a gestão de João Manuel Esteves, tem conseguido fazer muita obra. Já a freguesia de Távora, com o atual presidente, António Maria Sousa, deu um salto enorme. A freguesia tavorense tem tido um grande desenvolvimento a todos os níveis, desde logo os acessos. Hoje, todas as casas podem ser acedidas de carro”, aplaude.