O jornal Notícias dos Arcos completa este mês de fevereiro 119 anos de publicação (com alguns interregnos pelo meio), um número quase redondo e bastante expressivo para sentirmos, com especial responsabilidade, o legado encetado em 1906 e nos esforçarmos por respeitar, honrar e modernizar. O nascimento deste jornal assinalou uma nova era no jornalismo local e regional, estatuto que manteve pelo fio do tempo, apesar das dificuldades sentidas pontualmente na angariação de receitas, por se manter fiel aos princípios da independência do poder político e económico.
Sem qualquer presunção, o NA pode dizer, com toda a propriedade, que pratica um jornalismo de proximidade e plural, aquele que tanto nos dá as notícias das freguesias como estimula a participação dos próprios leitores e entrecruza o pensamento dos vários agentes da sociedade, como chave para uma comunidade arcuense mais dinâmica, aberta e democrática.
Enquanto instrumento cultural e de informação, o nosso jornal criou sempre laços. Entre pessoas e entre lugares. Entre comunidades de cá e do estrangeiro onde há arcuenses. As notícias que damos à estampa difundem a nossa identidade, promovem o que se faz nas Terras de Valdevez, descodificam temas complexos, denunciam desigualdades e injustiças, reduzem distâncias e dão voz a quem não a tem.
O NA, que tem atualmente uma tiragem quinzenal de 2840 exemplares e disponibiliza uma edição paralela na Internet, foi fundado há 119 anos por António Ângelo da Silva Brito, simultaneamente administrador e proprietário, sendo Silvestre António Saraiva o diretor a partir do terceiro número.
De lá para cá, e após um hiato de alguns anos, insignes figuras dirigiram o NA, nomeadamente Armindo A. Pimenta Fernandes, João da Costa Barbosa, Armando Caldas, António J. Pimenta Ribeiro, Vasco Segadas Pereira de Castro, Mário de Barros Pinto (pai) e, desde 1996, até à atualidade, Mário G. L. de Barros Pinto – percurso interrompido voluntariamente entre 2015 e 2018, período durante o qual Paulo Castro assumiu o papel de diretor do jornal.
Com Mário Barros Pinto (pai) e o filho Mário G. L. de Barros Pinto são introduzidos significativos avanços em termos de composição, qualidade informativa, tecnologia e rede de colaboradores. Numa era da fugacidade e do espetáculo da desinformação, o NA nunca foi (vai) atrás do ruído, preferindo construir pontes e acreditando no papel da informação rigorosa para pensar os problemas da sociedade arcuense em busca de respostas.
Volvidos quase 120 anos desde a sua fundação, o NA é uma marca respeitada, um dos mais prestigiados títulos do Alto Minho e o segundo com maior longevidade na região, apenas suplantado pelo vianense, A Aurora do Lima.
É inegável a importância histórica do jornal Notícias dos Arcos para a afirmação do concelho, a promoção do debate político plural, a informação e formação da opinião local e o desenvolvimento intelectual, cultural e cívico da comunidade arcuense. Supletivamente, o NA tem sido uma referência nacional por tudo o que tem feito pelas comunidades arcuenses espalhadas pelo mundo, de Lisboa a Paris, de Genebra a Andorra-a-Velha, de Newark a Toronto, do Rio de Janeiro a Caracas… Exemplo paradigmático disso é o facto de a Casa do Concelho de Arcos de Valdevez em Lisboa dever muito da sua expansão (e projeção) a este jornal, como o seu atual presidente, Joaquim Cerqueira de Brito, já o admitiu em diversas ocasiões.
A par da evolução acelerada da tecnologia (o NA investiu em anos recentes em recursos técnicos para estar na vanguarda), este meio de comunicação, independente, está bem vivo e abraça, sem concessões, um registo de exigência e de afetividade.
Sempre e quando houver arcuenses no âmago da notícia, este jornal estará lá para contar tudo. Aqui reside o nosso compromisso há 119 anos – é isso que nos galvaniza – e esse continuará a ser o nosso grande desafio para o futuro.