Queixas agudizam-se no concelho arcuense Colónias de javalis ameaçam pequena agricultura

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Apesar da pressão a que estão sujeitos os porcos-bravos (montarias e atividade furtiva), é grande a população de suínos a percorrer terrenos agrícolas, sobretudo em freguesias de montanha. Os javalis procuram cada vez mais alimentação perto dos refúgios onde se resguardam à noite em matagais. 

Nos últimos tempos, após o cair da noite, os javalis descem aos povoados, onde deixam, muitas vezes, um resto de destruição em pastos, hortas e pomares. A sua alimentação é basicamente vegetal (raízes, bolotas, espigas, nozes, ervas e castanhas, quando as há…), mas a dieta destes mamíferos também mistura carne, vermes subterrâneos e insetos.

Algumas das maiores comunidades suínas localizam-se nas freguesias de Soajo e Ermelo, fruto das condições favoráveis aí existentes (humidade, vegetação variada e alimentação abundante). 

É a falta de alimento nos habitats tradicionais, flagelados por incêndios, que está a aproximar cada vez mais os javalis das populações e dos terrenos agrícolas. As queixas dos moradores e agricultores estão a aumentar à medida que a destruição causada em culturas e pastagens se vai agudizando na região. Até já há relatos da presença de javalis nas imediações de casas em Ermelo. 

A fuga desta espécie cinegética para lugares onde não eram observados é, no dizer dos agentes ligados à caça, uma consequência dos incêndios que, nos últimos anos, destruíram grandes manchas no território. Existem registos da presença destes animais nas imediações do rio Lima, para onde os javalis afluem movidos pelo instinto de procurarem refúgio onde há comida, água e uma cobertura ideal.

Mas a deslocação de javalis para junto dos núcleos habitacionais também não é estranha ao despovoamento das terras do interior e ao crescente abandono dos campos, onde sobram queixas de pequenos agricultores sobre os estragos provocados em pastagens, culturas e hortas à passagem deste predador, que está a crescer em número de exemplares. 

“Há anos que os javalis andam à solta nos pomares. Revolvem a terra toda e escavam à volta do tronco das plantas para comerem raízes”, diz um produtor de citrinos de Ermelo.