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Investigadores estudam “aptidão vitivinícola nas sub-regiões dos Vinhos Verdes em contexto de alterações climáticas”

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Potenciar investimentos, reduzir custos e acrescentar valor são os principais objetivos de uma investigação conjunta que o professor Joaquim Mamede Alonso, da Escola Superior Agrária/ESA (do Instituto Politécnico de Viana do Castelo), apresentou nos Encontros Vínicos do Vinho Verde, de Viana do Castelo, no passado mês de maio. O estudo, intitulado “A zonagem e aptidão vitivinícola nas sub-regiões dos Vinhos Verdes em contexto de alterações climáticas”, coloca-se ao serviço da vinha e do vinho, com enfoque nas mudanças do clima, procurando combater ou atenuar os seus efeitos. 

“Há diversa investigação no setor do vinho e a ESA, onde estudei, é disso um bom exemplo.  A ESA oferece-nos ferramentas com as quais é possível fazer testes de aptidão vitivinícola. No projeto em questão, é afirmado que todo o vale do rio Vez se apresenta como um território de excelência para a produção de vinho”, começa por dizer João Pereira, enólogo da Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez (ACPBAV).

A avaliação, em simultâneo, de vários parâmetros é uma mais-valia. “Através do projeto da ESA, há um conjunto de dados – climatológicos, pluviosidade, temperatura, doenças da videira e carta de solos – que entra num programa e, por essa via, é criado um algoritmo que define quais as zonas ideais para produzir esta ou aquela casta”, acrescenta o técnico da ACPBAV.

Para João Pereira, “a investigação da ESA é mais um contributo para que o território se afirme em termos de castas através do poder da inovação, por tal facto, sou apologista de que este programa pode ser usado para potenciar a produção de castas tradicionais, designadamente o Loureiro, a Trajadura e o Arinto nos brancos, assim como o Vinhão nos tintos”.

 

“Há falta de uvas tintas”

Não obstante o aumento da área de vinha na sub-região do Lima (fenómeno extensivo às restantes oito sub-regiões da Região Demarcada dos Vinhos Verdes), a falta de uvas tintas é um problema identificado no território. Se há largas décadas a “produção de [vinhos] tintos representava uma fatia significativa da oferta”, a verdade é que, desde a década de 90 do século passado, “os vinhos brancos passaram a suplantar a produção de tintos e a tendência tem-se acentuado”, observa João Pereira, 

“Sabemos que o consumo do tinto tem vindo a diminuir, em contrapartida, a procura dos vinhos rosados (provenientes das uvas tintas) está a aumentar. Precisamos de mais uvas das castas tintas, não necessariamente da casta Vinhão, mas de outras castas com aptidão para vinhos rosados, sem tanta cor, pois o território está a perder potencial na área das castas tintas”, alerta o enólogo da ACPBAV (agora também denominada de ‘Barcos Wines’).

A este respeito, Jorge Sousa Pinto, enólogo da Quinta do Tamariz, é de opinião que, “em termos de castas, a aposta no Espadeiro é a mais indicada, pois é a que melhor se adapta às alterações climáticas, com existência de mais horas de sol e invernos cada vez mais tardios a ajudar na sua maturação. Também a casta Padeiro se revela interessantíssima para vinhos rosados”, afirmou o técnico ao jornal Bons Verdes

Sem surpresa, a questão das alterações climáticas está a mobilizar cada vez mais a comunidade científica, além de determinar a possibilidade de expandir a vinha para norte e para as áreas montanhosas. “Devido às mudanças do clima, há agentes do ramo a investir nos territórios do vale do Lima e do vale do Minho, porque os players sabem que a escassez de solos cultiváveis (com água) vai ser no futuro o grande problema da produção vinhateira, por isso é que muitos deles se estão a deslocar de sul para norte, onde encontram áreas de sustentabilidade, produtividade e fotossanidade”, justifica João Pereira, para quem, a nível europeu, “o Reino Unido é cada vez mais um produtor de vinhos”.

 

Estação Amândio Galhano 

“o maior centro genético do Vinho Verde”

No concelho de Arcos de Valdevez (freguesia de Paçô), a Estação Vitivinícola Amândio Galhano (EVAG), centro de experimentação e investigação criado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes há quase duas décadas, promove ações e projetos de experimentação de apoio à vitivinicultura.

Com um espaço de vinha dedicado às castas autóctones, a EVAG (antiga Quinta de Campos do Lima) possui “o “maior centro genético do Vinho Verde e através dela estamos empenhados em recuperar algumas das castas minoritárias que já desapareceram (ou tendem a desaparecer) devido aos movimentos gerados no setor. É muito importante que se retome essa produção, eventualmente para fazer monocasta, mas sobretudo para dar determinadas características aos lotes”, sustenta o edil João Manuel Esteves. 

Tendo a fileira do vinho “forte potencial” de inovação e investigação, “os municípios, a ESA e a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes planeiam estabelecer um conjunto de protocolos e de projetos, com o objetivo de obter dados de relevante interesse para o setor, através da colocação no território de estações meteorológicas e de sensores”, adianta o presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez. 

 

“Enoturismo em crescimento”

A Região dos Vinhos Verdes, a maior área portuguesa demarcada, na qual está incluída a sub-região do Lima, tem muito para oferecer ao visitante, que cada vez mais valoriza as “experiências” enoturísticas. 

“O enoturismo está em crescimento, há mais pessoas a visitar quintas e a procurar o turismo em espaço local com experiências gastronómicas e vínicas. A gastronomia é, aliás, uma das boas razões para visitar a sub-região do Lima, até porque os pratos típicos da região harmonizam muito bem com os Vinhos Verdes”, diz João Pereira, incentivando visitas aos produtores que oferecem programas de enoturismo apropriados aos forasteiros. 

 

“Cultura da vinha” para gerar “rendimento extra”

Apesar do abandono rural, há casos de jovens que têm sabido aproveitar os estímulos do programa VITIS para se dedicarem à produção de vinho, como atividade secundária, em busca de novos rendimentos.

“Pela experiência que conheço no Alto Minho, em particular em Monção, a cultura da vinha pode ser um complemento ao primeiro emprego, ou seja, as famílias têm o seu trabalho fora do setor do vinho, mas aos fins de semana cultivam um ou dois hectares de vinha, é sempre um rendimento extra”, conclui João Pereira. 

A.F.B.

 

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