No âmbito da “política de apoio ao desenvolvimento rural”, o Município de Arcos de Valdevez assinou três protocolos com diferentes fins no passado dia 18 de novembro, numa cerimónia presidida pelo secretário de Estado da Agricultura, João Moura.
Dando seguimento a uma medida introduzida em 2022, foi renovado o protocolo entre a Câmara, a Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, o Agrupamento de Escolas de Valdevez, a Associação de Pais e a sociedade comercial Rescater, com vista ao fornecimento de refeições escolares, através da incorporação de produtos locais como a carne da vaca cachena e o feijão tarrestre, podendo o cardápio ser alargado a “legumes e fruta da época, no ano letivo 2024/2025.
Do lado do sistema produtivo, foi revalidado o protocolo entre o Município e a Cooperativa Agrícola, estabelecendo uma comparticipação financeira municipal para apoio aos titulares de explorações agropecuárias, “em função do número de efetivos”, com a atribuição de “55 338 euros para bovinos, ovinos e caprinos”, para sanidade animal, e “5 mil euros à Cooperativa Agrícola para o desenvolvimento da agropecuária”.
Por outro lado, foi assinado um protocolo de apoio às obras de remodelação das instalações da Cooperativa Agrícola. Para esta empreitada, orçada em 165 869,85 euros, a Câmara arcuense aprovou um auxílio de 82 500 euros (sensivelmente, 50% do custo total). “Este apoio justifica-se em função do interesse e da relevância da instituição, além do facto de uma parte substancial das instalações ser utilizada para apoio à agricultura, floresta e pecuária”, justificou o edil João Manuel Esteves.
No derradeiro ato, José Vieira Leite apresentou o Livro Genealógico da Raça Garrana, um trabalho colaborativo entre várias entidades com o intuito de ajudar a preservar a raça da extinção. “O livro mostra o trabalho desenvolvido pela Associação de Criadores Equinos da Raça Garrana durante o período de 2016 a 2020 e nele é feita uma caracterização genética da raça equina garrana por análise demográfica e por marcadores moleculares”, sublinhou Leite.
Três solicitações ao governo para que “os jovens olhem para a agricultura como uma atividade cool”
No discurso de boas-vindas, o presidente da Câmara, depois de considerar “o setor agropecuário um dos pilares da economia de Arcos de Valdevez”, anunciou um “Festival do Mundo Rural em 2025” e fez três solicitações ao governante, João Moura.
“O primeiro apelo consiste em reforçar os apoios do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para os territórios de baixa densidade e o minifúndio, revendo os critérios de elegibilidade dos baldios para a pastagem e para o modo de produção biológico. A segunda medida necessária é a implementação de um SIMPLEX para agilizar os pedidos de apoio e os processos de licenciamento, nomeadamente dos estábulos. Por último, pretendemos criar melhores condições para dar um salto qualitativo do ponto de vista da inovação e da valorização do mundo rural, através do projeto ‘Quintas Ciência Viva’, dedicado às plantas e aos aromas, no espaço emblemático do Centro de Formação Agrícola de Monte Redondo”, enunciou João Manuel Esteves, empenhado em fazer da agricultura uma “atividade cool para os jovens”.
Em resposta, o secretário de Estado da Agricultura garantiu que “os desafios reafirmados pelo presidente da Câmara têm sido notados pelo Ministério e, em breve, o senhor ministro da Agricultura irá anunciar uma valorização muito grande para os Baldios, porque o regime extensivo da pastorícia serve verdadeiramente para a valorização socioeconómica e patrimonial do nosso território”, adiantou João Moura.
Duas perguntas ao secretário de Estado da Agricultura, João Moura
“Vamos aumentar a rentabilidade dos agricultores”
- Que apoios estão destinados aos Baldios?
Vamos ter um forte apoio, ainda por cima porque o ministro da Agricultura [José Manuel Fernandes] é um homem do Minho [Vila Verde] e sabe perfeitamente a especificidade do território. Será um pacote financeiro muito substancial para apoiar os territórios com baldios. A ideia é valorizar os baldios com pastorícia e dar incentivos prevendo majorações para os terrenos de baldios, para a pastorícia e para as espécies autóctones. O objetivo é aumentar a rentabilidade dos agricultores.
- A valorização da área agrícola ainda não encontra eco, por exemplo, na oferta formativa da maioria dos concelhos do Alto Minho. Por que razão?
O território nacional está todo contemplado com oferta formativa, isso é definido com os agrupamentos escolares e com as comunidades intermunicipais. Mas fica aqui um desafio á Comunidade Intermunicipal do Alto Minho para que possa estruturar e definir essa oferta como uma estratégia do ensino profissional. Queremos que os cursos agrícolas tenham uma maior efetividade, porque a agricultura vale a pena.
Breves
“Políticas amigas dos produtores”
O presidente da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, José Carlos Ribas Gonçalves, frisou que “a atividade pecuária é fundamental para esta região e, por isso, precisamos de políticas amigas do território e dos produtores”
Criadores da raça garrana em crescendo
A raça garrana é uma das 65 espécies autóctones de Portugal. “Assistiu-se a um aumento consistente do número de criadores ativos e com fêmeas reprodutoras da raça garrana nos últimos anos, ultrapassando os 470 em 2019”, lê-se no Livro Genealógico da Raça Garrana.
“Crianças felizes por comerem carne cachena”
O secretário de Estado da Agricultura, João Moura, elogiou as iniciativas municipais para a “valorização deste território” e para o “fortalecimento das comunidades agrícolas locais, exemplos vivos da visão integrada e da nova mensagem que é preciso difundir sobre a atividade agrícola, de tal modo que as crianças de Arcos de Valdevez são crianças felizes por comerem uma das melhores carnes do mundo, a carne cachena”.