O autarca António Maria Sousa, no decurso dos trabalhos da Assembleia Municipal de 30 de novembro, criticou a “exiguidade” de verbas a transferir para as associações e as coletividades desportivas, reclamando, para o movimento associativo, uma efetiva igualdade de tratamento.
“Ao contrário do que diz o senhor presidente da Câmara Municipal, não há aumento de verbas para todas as associações. Isso é mentira, apenas houve aumentos para algumas associações, nomeadamente o Atlético dos Arcos. O CRC Távora expandiu a sua atividade, tem quatro equipas de camadas jovens, mas o valor do protocolo não aumentou nada”, contrapôs o presidente do CRC Távora.
Mas as críticas do dirigente associativo não se ficaram por aqui. “Em relação ao Rancho Folclórico de Santa Maria e São Vicente [integrado no CRC Távora], o senhor presidente da Câmara ainda fez pior: há um ano afirmou que o Rancho não tinha direito a protocolo porque não era associação, mas acabou por fazer o protocolo e chamou um diretor para assinar o mesmo, quando o presidente do CRC Távora sou eu. Eu é que fui eleito presidente. Assinei o protocolo de 15 mil euros porque preciso do dinheiro para o clube. Quanto ao protocolo com o Rancho, só será por mim assinado quando o presidente da Câmara puser o dinheiro que tirou ao Rancho o ano passado”, salvaguardou António Maria Sousa.
No meio desportivo arcuense, prevalece, há muito tempo, a ideia de que “não há justiça na atribuição de verbas, existindo coletividades que recebem o dobro, ou perto disso, em relação a outras”. Segundo apurou este jornal, os valores são estabelecidos a partir de critérios de ponderação como “o número de praticantes e de escalões”, “o volume de quilómetros a percorrer”, “a participação em eventos a promover pelo Município” e “o número de atletas em provas distritais e nacionais”, dados que, na equação final, têm levado a uma pontuação maior no caso do CRAV e do Atlético dos Arcos.
Mas, em tempos, precisamente a 24 de outubro de 2016, quando questionado pelo vereador José Albano Domingues, sobre o facto de o Atlético dos Arcos receber o dobro do montante destinado ao Paçô – à época, estas duas coletividades disputavam a mesma primeira Divisão Distrital –, o então vereador do Desporto, Olegário Gonçalves, respondeu que era assim “porque estava instituído em todo o lado ‘dar’ mais dinheiro ao clube da vila”.
O Notícias dos Arcos solicitou ao Município a listagem das verbas protocoladas com cada uma das associações arcuenses, mas não obteve abertura para o efeito.