As oficinas de Criatividade Himalaya receberam, no passado dia 11 de janeiro, a conferência “Terra em transformação e evolução da Vida”, dinamizada por Helena Couto, professora associada jubilada do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e investigadora do Instituto de Ciências da Terra, da mesma Universidade.
A professora convidada recuou às “origens do Planeta Terra há 4600 milhões de anos” e às “primeiras formas de Vida indubitáveis que remontam há 3500 milhões de anos”. Numa autêntica aula de Paleontologia, Helena Couto explanou algumas das etapas mais significativas da evolução da Vida na Terra, sendo que “na sua origem estão as fontes hidrotermais (fontes muito quentes, na ordem dos 350ºC, em ligação com o magma que existe no interior da Terra), muito ricas em metais (cobre, zinco e ferro), metano, enxofre, azoto e hidrogénio”.
Através de fósseis, minerais, rochas, meteoritos e reconstituições da Vida e dos seus ambientes, Helena Couto viajou por “acontecimentos geológicos – movimentação dos continentes e das placas continentais, tectónica de placas, sucessão de ambientes, catástrofes como o impacto de meteoritos, vulcanismo ou a ocorrência de glaciações – que condicionaram e determinaram a evolução da Vida no nosso Planeta”.
Da evolução da dinâmica interna da Terra (formação/fecho dos oceanos e formação/destruição dos continentes) à evolução da Vida, inerente à sua transformação e extinção de massas, por ação de crises biológicas (na essência da evolução dos seres vivos), conclui-se que “a evolução da Terra está ligada à evolução da Vida”.
Exposição “Tesouros da Terra” reúne minerais de seis países
Finda a palestra, e alinhada com esta, foi inaugurada a exposição “Tesouros da Terra”, do colecionador José da Silva Ferreira, que, por razões de força maior, não pôde comparecer. Através dela, o estudioso pretende “mostrar a diversidade e beleza do mundo mineral, tantas vezes surpreendentes”.
Médico de profissão, historiador, arqueólogo e geólogo por paixão, José da Silva Ferreira, um dos impulsionadores do espaço “Minerais e Rochas – Coleção Silva Ferreira”, reúne nesta nova mostra mineral um conjunto de exemplares que o próprio recolheu em vários recantos do mundo: Irão (Deserto, Isfahan); Islândia (Geyser, Geysir; Rifte; Disjunção prismática); Namíbia (Parque Natural Etosha); Turquia (Nascente hidrotermal de Pamukkale); Chile (Torres do Paine; Glaciar Aguila, Terra do Fogo; Estrias glaciares em rocha metamórfica); e Argentina (Glaciar Perito Moreno, El Calafate).
Na sinopse deste espólio de minerais, José da Silva Ferreira refere que “a Terra, no seu todo, é uma joia preciosíssima. Até hoje, é o único local identificado que alberga Vida há alguns biliões de anos: começou com seres microscópicos unicelulares, como as cianobactérias, e foi evoluindo entre extinções em massa e saltos evolutivos, até chegar ao Homo sapiens, sapiens, a nossa espécie”.
Segundo Silva Ferreira, “numa escala de biliões de anos, a matéria foi evoluindo e, de gás a mineral e a ser vivo, chegou até nós, dando a essa matéria organizada que é o Homem, a consciência de si e da sua finitude”.
“Nesta joia que é a nossa casa, a Terra, temos muitos tesouros, incluindo os seres vivos e o mundo material que os suporta”.
A.F.B.