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Arcuense Marta Codeço gere Programa Lowell para os Recursos Minerais na Universidade do Arizona

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Depois de vários anos a fazer ciência na Alemanha, num dos melhores centros europeus para “entender a terra”, a investigadora Marta Codeço mudou-se, há cerca de dois meses, para a Universidade do Arizona (Estados Unidos da América), onde agora trabalha como gestora do Programa Lowell para os Recursos Minerais, no prestigiado Instituto Lowell. 

“Atualmente, o meu trabalho consiste em implementar programas de desenvolvimento profissional graduados em Geologia Económica (ramo científico de Geologia que se debruça sobre a prospeção e exploração de recursos minerais). Existe uma grande necessidade por parte da indústria mineira de mão-de-obra qualificada, tendo em conta que os cursos tradicionais (bacharelatos e licenciaturas) não colmatam esta necessidade – os mesmos estão desenhados para uma formação genérica na área das Geociências”.

Em virtude de as empresas não estarem capacitadas para dar formação especializada, para que os profissionais desempenhem as funções requeridas, Marta Codeço tem a incumbência de “desenvolver programas destinados quer a participantes graduados, acabados de sair dos bacharelatos/licenciaturas, quer ao pessoal que já está no quadro de empresas há muitos anos e que carece de formação específica”, pormenoriza a investigadora de Padreiro Santa Cristina. 

Compreender “o planeta onde vive” sempre fascinou Marta Codeço, que, em menina, começou logo a fazer perguntas para perceber a estrutura da Terra, a sua origem, natureza e respetivas transformações. Paradoxalmente, ingressou no curso de Direito, mas logo depois mudou de rumo. “Na verdade, sempre tive um fascínio pela Geologia para entender o planeta onde vivo”, explica.

Terminou a licenciatura em Geologia em 2012 e, cerca de um ano depois, iniciou o mestrado em Geologia Económica. Entre 2012 e 2015, trabalhou, também, como bolseira de investigação científica/geóloga, numa parceria técnico-científica entre a Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a Empresa Portuguesa de Obras Subterrâneas, projeto intitulado “Contrato de prestação de serviços de acompanhamento a trabalhos de prospeção e pesquisa mineral na área de Albernoa [Beja]”. 

Foi na sequência deste trabalho que Marta Codeço fez a tese de mestrado: “Estudo comparativo das sequências vulcânicas constituintes dos eixos Ervidel-Roxo e Figueirinha-Albernoa (Faixa Piritosa Ibérica) e respetiva relevância na prospeção de sulfuretos maciços polimetálicos”. A jovem pretendeu com esta investigação encontrar indicadores e padrões geoquímicos que permitissem distinguir, durante a fase de prospeção mineral, se determinada área tem potencial para desenvolver uma mina.

 

Doutoramento na Alemanha

A seguir, entre 2015 e 2019, fez o doutoramento em Geoquímica, no GFZ Potsdam (Alemanha), um dos mais conceituados centros de investigação da Europa. “O facto de ter tido a oportunidade de fazer o doutoramento na Alemanha permitiu-me utilizar equipamento analítico de ponta, algo que em Portugal não teria sido possível, e também me propiciou o ensejo de fazer análises geoquímicas no Canadá (McGill University), além de ter colaborado noutros projetos científicos e participado em inúmeras conferências (Alemanha, França e Estados Unidos da América), tendo sido numa delas oradora convidada (Conferência da Sociedade Geológica da América)”.

Durante e depois do doutoramento, Marta Codeço produziu diversa literatura especializada. “Publiquei quatro artigos científicos sobre o meu projeto de doutoramento, um dos quais saiu na afamada revista Chemical Geology, e outros dois associados a outras iniciativas nas quais estive envolvida”. 

Após o doutoramento, Codeço continuou no GFZ Potsdam no mesmo projeto como investigadora pós-doutoral por mais dois anos (entre 2019 e 2021), período durante o qual escreveu uma “proposta para financiar um novo projeto pós-doutoral focado na formação de depósitos minerais na região do Alentejo (que foi financiado)”, circunstância que lhe permitiu voltar a trabalhar com empresas e colegas da Universidade de Lisboa que investigam nessa região. 

No entanto, a pandemia trouxe constrangimentos de diversa ordem. “Devido às restrições impostas pela Covid-19, o desenvolvimento do projeto desviou-se um pouco daquilo que foi proposto, independentemente disso, acabei por estabelecer novas colaborações e explorar novos tópicos de investigação, em particular a descoberta de um mineral na Mina de Neves-Corvo (Castro Verde), que ainda não tinha sido descrito e que nos dá novas indicações sobre os processos que levaram à formação dos metais”, sublinha a jovem.

Uma outra parte do projeto ligou-se à descrição da ocorrência mineral das Sesmarias, que, por enquanto, não pode ser classificada como depósito mineral, dado que o estudo se encontra ainda numa fase de pesquisa, faltando definir o seu potencial mineral. “É um projeto que ainda vou trabalhar, possivelmente nos próximos anos, em colaboração com a Avrupa Minerals e Pormining”, adianta. 

Em 2021, Marta Codeço integrou, como gestora promocional, “o projeto Ore Deposits Hub, uma plataforma online de seminários em Geociências, mas com enfoque nos tópicos aplicados à Geologia Económica”. Esta plataforma nasceu em plena crise pandémica para “permitir que investigadores e profissionais nesta área pudessem continuar a disseminar conhecimento e manter conexões profissionais. No entanto, o projeto foi muito mais longe, pois possibilitou que muitos estudantes, graduados e não graduados, […] integrassem os seminários online e tivessem acesso aos vídeos dos seminários mais tarde. Estes filmes ainda hoje são usados como recursos educacionais em muitas universidades”. 

 

“Temos de descobrir novos depósitos minerais de uma forma sustentável”

Com uma carreira consolidada, Marta Codeço tem uma noção exata daquilo que a faz sentir realizada. “Se no início dos meus estudos em Geologia eram os vulcões e os minerais que me atraíam mais, com o passar dos anos, fui-me apercebendo de que a minha área favorita era perceber como se geram os depósitos minerais e como é que podemos descobrir novos depósitos de uma forma sustentável. Isto porque os metais são essenciais para a nossa sociedade e não podemos viver sem eles, portanto, temos de encontrar formas sustentáveis de o fazer”, conclui a investigadora, cada vez mais interessada em explorar diferentes realidades para fazer a diferença. 

 

Perfil de Marta Sofia Ferreira Codeço

. Tem 33 anos.

. É natural de Padreiro Santa Cristina.

. Fez os estudos secundários no Agrupamento de Escolas de Valdevez.

. É licenciada em Geologia, tem mestrado em Geologia Económica (Universidade de Lisboa) e é doutorada em Geoquímica (Universidade de Potsdam/GFZ Potsdam, Alemanha).

. Publicou vários artigos científicos e apresentou diversos trabalhos de investigação para plateias internacionais.

. Gere, atualmente, o Programa Lowell para os Recursos Minerais na Universidade de Arizona (Estados Unidos da América).

. Tem como lema de vida “A sorte favorece os audazes” (do latim Audaces fortuna juvat, de Virgílio).

A.F.B.

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