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Concelho arcuense envelhecido e (quase) sem crianças

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Apenas 1923 crianças até 14 anos. Em 1960, eram 12 990 nesta faixa etária
População a decrescer e a envelhecer, renovação de gerações por fazer e número diminuto de crianças compõem a pirâmide demográfica do concelho de Arcos de Valdevez. São estas as principais conclusões que resultam da comparação dos dados apurados pelos Censos em 1960, 1981, 2001, 2011 e 2021, revelando o problema demográfico que aflige o concelho.
A quebra demográfica em seis décadas é mesmo avassaladora. Em 1960, segundo os registos compilados na base de dados Pordata, havia 38 739 habitantes no concelho de Arcos de Valdevez, número que tem vindo a “cair” de forma irremediável década após década. O concelho tinha 31 156 residentes em 1981, 24 761 em 2001, 22 847 em 2011 e, segundo os Censos de 2021, estavam domiciliadas 20 718 pessoas, ou seja, 18 021 indivíduos a menos do que no grande estudo censitário realizado 61 anos antes.
Mas, decompondo os dados por grupos etários, as diferenças propagam-se ao número de idosos e de crianças que residiam em 1960 por comparação com os números de 2021. No início de década de 60 do século passado, havia 3785 indivíduos no concelho com 65 (e mais) anos, mas o número de seniores disparou para 7458 em 2021, apesar do acentuado decréscimo populacional. E, se em 1960, estavam recenseadas neste Município 12 990 crianças até 14 anos, já no estudo demográfico efetuado em 2021 eram apenas 1923 nessa mesma faixa etária, o equivalente a 14,8%. Muito longe, a título de exemplo, dos 4892 indivíduos até 14 anos recenseados em 2021 no concelho de Ponte de Lima.
O défice de crianças no território, que se tem repercutido no decréscimo da população escolar, é um flagelo que atormenta o concelho e, apesar das evidências denunciadas por diferentes estudos, os vários executivos municipais, diz a oposição, “não deram a devida importância ao despovoamento do território, principalmente das camadas ativas em idade fértil”.

“Pais não decidem nunca ter filhos em função de subsídios”
O ex-autarca Francisco Araújo, que governou os destinos de Arcos de Valdevez de 1993 a 2013, recusou sempre os incentivos monetários à natalidade, no pressuposto de que “os pais não decidem nunca ter filhos em função de subsídios”, preferindo, na circunstância, “melhorar – nas palavras do mesmo – as condições socioeconómicas das famílias”, estratégia que o atual presidente, João Manuel Esteves, alega estar também a trilhar desde finais de 2013.
Mas os resultados desta política alternativa, segundo a oposição, “não surtiram efeito” e, hoje, o concelho de Arcos de Valdevez, como acontece com muitos outros territórios do interior, confronta-se com uma “grave crise demográfica”, devido a uma taxa de natalidade assustadoramente baixa e a um saldo natural negativo (mais óbitos do que nascimentos) ano após ano.
A.F.B.

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