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Segunda-feira, Dezembro 9, 2024
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“Falta de estacionamento” e “desorganização da mobilidade automóvel” preocupam pequeno comércio

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Existe a perceção de que o Município de Arcos de Valdevez tem promovido políticas de dinamização turística com “impacto positivo na restauração e no alojamento”, mas com resultados muito inferiores noutros setores, isto num quadro de crise em que o pequeno comércio carece de medidas de apoio muito para lá do PROCOM.  

Júlio Pereira, da Salsicharia S. Vicente, dá a sua visão sobre as adversidades que o pequeno comércio enfrenta no dia-a-dia; sugere medidas para alavancar o negócio agroalimentar; e alerta para o aumento de custos que a participação em feiras internacionais acarreta para as empresas de Arcos de Valdevez.

 

O comércio tradicional está confrontado com várias dificuldades. Que medidas já deviam ter sido adotadas para “injetar” liquidez no pequeno comércio e nas “micro” empresas de modo a salvar os negócios?

O comércio tradicional confronta-se há vários anos com elevadas dificuldades, sendo que as principais são o decréscimo populacional, a concorrência das grandes superfícies e, sobretudo, a dificuldade dos clientes em chegar aos comércios, devido à desorganização da mobilidade automóvel e à escassa oferta de estacionamento, um problema crónico que urge uma rápida solução.

Para agravar ainda mais este quadro, temos constantemente alguns lugares de estacionamento ocupados com negócios itinerantes, no dia em que respondo (26 de julho) ao NA já existem parques onde é impossível estacionar devido à presença dos ditos negócios que vêm fazer as Festas Concelhias, isto é, completamente despropositado e mostra que não existe vontade de mudança, pois este problema já se arrasta há anos, com críticas constantes, mas a questão é sempre empurrada para canto.

São épocas do ano em que o comércio tradicional pode realizar mais-valias económicas para poder resistir aos meses de menor negócio, no fundo e a meu ver, a principal medida será intervir na mobilidade das pessoas, depois caberá a cada comerciante trilhar o seu caminho. 

É opinião corrente que “o executivo municipal arcuense, nas suas políticas de promoção, tem apostado sobretudo na gastronomia e na divulgação de paisagens, beneficiando os setores da restauração e do alojamento”, enquanto se assiste ao definhamento do comércio tradicional. O que é que o Município podia fazer, e não está a fazer, para alavancar o comércio dito de “proximidade”? 

Isso é inegável e, se calhar, a iniciativa do Município até terá sido lançada com o melhor dos objetivos, que seria o de alavancar a economia local, mas o facto é que no restante comércio o retorno de tamanho investimento é residual.

Outras apostas terão de ser lançadas para tentar alavancar os restantes comércios. É imperioso que exista mais diálogo entre promotores e produtores. No setor agroalimentar, gostaríamos de ver relançada a Feira do Fumeiro, em moldes semelhantes à que já se realizou em tempos, com sucesso no Campo do Trasladário. Já lançámos esse desafio ao Município, veremos se será para breve a sua reedição. 

Há negócios de Arcos de Valdevez, como a Salsicharia S. Vicente, o Talho das Choças e outros, que levam às comunidades emigrantes os produtos de qualidade da Terra, mas que estão a competir com produtores de outros concelhos (Alto Minho e Trás-os-Montes) em que os respetivos municípios financiam os custos de viagem, estadia ou instalação de expositores, com óbvia repercussão na baixa de preços dos produtos ao público. Qual tem sido a recetividade da Câmara arcuense para no futuro custear as despesas inerentes à participação dos empresários deste concelho em feiras como a de Cenon e Nanterre? Em que medida pode repensar a sua participação futura em feiras internacionais se a edilidade arcuense não financiar toda a componente de logística? 

Este tipo de eventos tem sido uma alavanca importante para o nosso negócio. Aproveitámos a possibilidade que o Município nos abriu com a presença nestes eventos para captar clientes e promover aquilo que de melhor fazemos, mas estas portas não se abriram só para nós, vários setores de comércio e indústria têm aproveitado estes certames para fortalecer laços com clientes e captar outros.

Facto é que a presença nestes eventos teve um enorme aumento de custos inerentes ao panorama mundial que vivemos, as despesas praticamente triplicaram, sendo que o Município de Arcos de Valdevez vem apoiando na aquisição dos espaços de venda, mas mesmo assim a logística é bastante dispendiosa – e temos conhecimento de outros municípios a apoiar na totalidade os seus produtores.

Relativamente à presença em eventos futuros, será sempre alvo de avaliação da nossa parte, mas a nossa presença será certa. 

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