O Tribunal de Contas deu parecer favorável relativamente à obra de requalificação urbanística do Campo do Trasladário, cujos trabalhos já foram encetados. Com um prazo de execução de noventa dias, a empreitada vai causar naturais condicionamentos no tráfego automóvel até finais de junho (eventualmente até meados de julho, se o prazo derrapar). Durante o período de obra o acesso entre a Rotunda da “Ponte Velha” e a Rotunda da Família (nas imediações do quartel dos Bombeiros Voluntários) ficará interrompido, devendo ser utilizadas como alternativas as vias circundantes.
A obra do arranjo urbanístico do Campo do Trasladário visa renovar o espaço central da vila arcuense, adequando-o às “novas necessidades urbanas”. O projeto dá enfoque à beneficiação dos pavimentos e à criação de um “espaço público mais pedonal e polivalente”, em harmonia com as “restantes intervenções efetuadas no perímetro urbano”, diz o executivo municipal.
A operação tem em vista uma reabilitação “arquitetónica e funcional da área”, através da “renovação dos revestimentos dos pavimentos” e da “requalificação geral do espaço público”, de modo a “criar uma unidade formal que privilegiará o espaço pedonal, a circulação partilhada e a utilização polivalente da área”.
Na prática, o investimento visa “criar um espaço mais fluído e sem barreiras arquitetónicas físicas e visuais” (desde logo vão ser removidos os lancis), daí que “a distribuição de percursos seja reorganizada e nivelada”. Neste sentido, “a infraestrutura viária está projetada para que os circuitos pedonais obtenham um perfil adequado, desimpedido de mobiliário urbano ou outro tipo de estruturas, libertando espaço e criando corredores de circulação pedonal seguros e agradáveis”. Estes “percursos acessíveis” são “diferenciados pelo contraste de cor dos pavimentos e instalação de pavimentos táteis de encaminhamento”, assim como pela “localização das árvores e equipamentos que servem como elementos balizadores do espaço canal”.
As zonas dedicadas aos atravessamentos pedonais e as passagens de peões serão niveladas tanto com os circuitos pedonais como com as faixas de rodagem, mas com “pavimento totalmente acessível”, por forma a “reforçar as condições de segurança por parte dos transeuntes”. Os percursos interiores, na continuidade da operação, “serão requalificados e tornados acessíveis, promovendo a circulação pedonal a outras zonas de interesse do centro urbano da vila de Arcos de Valdevez”.
Quanto ao parqueamento, serão “redimensionados e/ou otimizados os lugares de estacionamento reservado a pessoas com mobilidade condicionada, com amplos espaços de manobra para o acesso às viaturas”.
Arranjo do Campo do Trasladário “é um imperativo estratégico”
O executivo municipal – “reconhecendo o valor urbano e paisagístico do Campo do Trasladário, que, ao longo dos anos, tem vindo a assumir progressivamente maior centralidade e protagonismo na vida urbana” – defende que “a requalificação deste espaço é um imperativo estratégico, para introduzir melhoramentos, adaptando-o às novas solicitações”.
Conceito de “partilha” exige disciplina
Com esta operação, o Município arcuense segue o exemplo de outras localidades que requalificaram os centros urbanos intervindo no Campo do Trasladário que continuará a ser ladeada pela via de circulação automóvel, mas com a novidade de introduzir o conceito de partilha. Como? Se os condutores andarem a 20/30 quilómetros por hora, os cidadãos sentir-se-ão mais à vontade para andar na rua, mas isso exige disciplina, o que está longe de ser um dado adquirido.
O nivelamento da faixa de rodagem com os percursos pedonais na área do Campo do Trasladário poderá levantar outra questão, nomeadamente a necessidade de introduzir barreiras físicas, até porque existe o entendimento do lado de muitos observadores de que “só os obstáculos físicos (e a presença de agentes de autoridade) disciplinarão e regularão o espaço público por parte dos automobilistas”.
A.F.B.