A faixa oeste de Arcos de Valdevez, entre a Miranda e o Extremo, é atravessada por florestas idílicas, miradouros sobre o vale do rio Vez, fortes com mais de três séculos e tradições que ainda perduram no tempo.
Começando a descoberta pelo limite norte, a atenção do visitante tem de recair sobre os fortes do Bragandelo e da Pereira, alcandorados em duas encostas na freguesia do Extremo, uma das razões para explorar o denominado ‘Território de Santa Cruz’ desde o verão de 2022. São estruturas raras da arquitetura militar do século XVII, com realce para a Guerra da Restauração, entre Portugal e Castela (1640-1668).
O forte de Bragandelo, de maiores dimensões, é um dos mais bem conservados no Noroeste Peninsular, preservando a sua estrutura original, assim como a maioria dos seus elementos. Após séculos ao abandono, a reconstituição foi objeto de campanhas arqueológicas e a requalificação permitiu equipar a fortificação com sinalética e painéis informativos, preciosos auxiliares para interpretar as elevações arquitetadas na colina pelo Homem.
Reza a História que, de lá, as tropas dispunham de vista avantajada para a linha de fronteira com a Galiza e, sob essa perspetiva, é crível que os fortes da Portela do Extremo tenham desempenhado um papel de relevo no conflito.
Ao forte do Bragandelo chega-se a pé ou através de veículos motorizados todo-o-terreno, mas parte da experiência pode ser feita a caminhar através da antiga trincheira que ligava os dois fortes, tal como fizeram os soldados há mais de trezentos anos em defesa do território português.
Mas a descoberta da área oeste de Arcos de Valdevez também pode efetuar-se no sentido inverso, no miradouro do Castelo de Santa Cruz (em Vila Fonche), onde será erguido um centro interpretativo que servirá de porta de entrada nos territórios do oeste.
No cume do antigo castelo românico, embebido num enorme bloco rochoso (de granito), sobressai a vista para a vila de Arcos de Valdevez e para o vale do rio Vez.
Pelo território, abundam os miradouros com vistas de encantar. São exemplos disso o Penedo do Castelo de Miranda, apenas acessível de bicicleta ou 4×4, com cerca de trinta metros de altura, com vistas para o vale do Lima, e o miradouro de São Mamede, em Senharei, virado para a vertente oeste do Parque Nacional.
No roteiro, recomenda-se um passeio pelos cinquenta hectares da Floresta Encantada da Miranda, rica em árvores autóctones, sobretudo folhosas, dos carvalhos às bétulas, dos cedros aos amieiros, um “pulmão” natural que em tempos funcionou como viveiro para reflorestar o Parque Nacional.
Perto, um trilho de 600 metros com passadiços de madeira, leva o visitante até à cascata do rio Cabrão, um afluente do rio Lima, e ao miradouro, de onde se consegue contemplar a queda de água.