O Grupo de Teatro do Vez estreou a peça A Casa das Migalhas no passado dia 18 de janeiro, no (quase) repleto auditório da Casa das Artes.
No meio de várias histórias sofridas, ao jeito da máxima “só descobrimos o luxo quando caímos no lixo”, procede-se à inauguração da ‘Estátua – O Amor vem de dona Graça’ e faz-se um brinde à abertura da Casa das Migalhas, “fundação solidária e gregária presidida por dona Olívia, portadora de um coração gigante”. Nesta pequena casa habitam pessoas ‘normais’ que se tornam excecionais pelo exemplo de dádiva ao outro. “Do pão pode fazer-se migalhas”, eis a mensagem que a peça trespassa do início ao fim. “Depois, “as migalhas trazem a união, mas isso é mérito exclusivo das migalhas” que tanto alimentam as pombas como os humanos. Além do mais, o legado de dona Graça “teve continuidade” e até “foi ampliado” – a dona Olívia deu “abrigo e proteção aos perdidos que andam à cata de migalhas”.
No fundo são “migalhas de gente”, para quem “cada migalha é uma fortuna, quer seja de pão ou de carinho, de conforto ou de dignidade”. São percursos de vida de gente perdida (como sucede nos dias de hoje com os seniores que vivem sós) na escuridão da noite, “onde cada migalha reluz como ouro no consolo e redenção”. Enfim, sobram histórias de união e superação, como as do varredor Carlos, do “monstro” Pedro, do louco Branco que volta para os braços da amada ou do “casamento da Tragédia com a Comédia, de quem somos todos filhos”.
Afinal, “esmigalham por bem” os fortes que usam a força para erguer, ao contrário dos fracos que a utilizam para derrubar.
No âmbito da política municipal de descentralização cultural, a peça A Casa das Migalhas – com encenação de Rui Mendonça e texto de Albertina Fernandes e Rui Mendonça – vai ser levada ao palco de várias salas do concelho de Arcos de Valdevez.