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“Vivas” do exército árabe a Alá inovam reconstituição histórica do Recontro de Valdevez Famílias empolgadas com investidura dos cavaleiros petizes

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O Paço de Giela, nos dias 12 e 13 de julho, vestiu-se a rigor e transformou-se num reino medieval, com guerreiros e cavaleiros, acampamento cristão e acampamento árabe (muçulmano), membros do povo e nobres, artesãos e ofícios. Um ‘casal’ de dromedários (camelos-árabes) foi o intruso que mais sobressaiu na “viagem medieval” deste ano, assim como a introdução de algumas nuances no espetáculo de recriação do Torneio de Valdevez. 

Para as famílias com crianças o “treino do guerreiro” (ou da guerreira) foi um dos motivos de interesse. Um percurso de obstáculos destinado ao público familiar, onde a destreza física e o espírito aventureiro se uniram para proporcionar aos “pequenos guerreiros” um treino “ao serviço d’el-Rey”, exercício no qual a arcuense Íris fez uma prova limpa, para alegria dos pais, que viram a noviça “premiada no objetivo de proteger o reino”. 

Também a “ladeira dos renegados”, com figuras sinistras, prendeu o público que afluiu ao Paço de Giela, Monumento Nacional desde 1910, reabilitado e aberto ao público há nove anos. No fundo, tratou-se da reconstituição dos dias de feira com “ajuntamento da população” em que os mais pobres procuravam “um pedaço de pão” e os mais “espertos” buscavam uma carteira fácil de capturar. 

Numa cerimónia cheia de graciosidade, nas cercanias do paço, Afonso Henriques armou cavaleiros uma dezena de petizes. O arcuense Leonardo Afonso foi um dos que receberam o diploma, “no âmbito das reais comemorações do Recontro, dito de Valdevez, […] no qual os portucalenses saíram vitoriosos”, lê-se no certificado. A mãe, Beatriz Silva, assiste empolgada à investidura do filho. Também a infante Beatriz Gomes, do Vale, empunhou o diploma com orgulho. 

Como sempre, o espetáculo de recriação do Recontro de Valdevez de 1141 (torneio d’armas a cavalo) foi o ponto alto do evento, entre o exército de Afonso Henriques, futuro rei de Portugal, e o do primo Afonso VII, imperador de Leão e Castela (este ano com o exército árabe como principal novidade introduzida), figuras centrais do “único torneio registado na história medieval portuguesa”, numa reconstituição que encenou a vivência que rodeou o Recontro há 883 anos. Segundo reza a História, o Torneio de Valdevez terá sido um dos três episódios fundadores de Portugal com ligação a D. Afonso Henriques: por ordem cronológica, a Batalha de S. Mamede (1128), a Batalha de Ourique (1139) e o Recontro de Valdevez (1141). 

Numa superprodução, de luz e som, de encenação e coordenação artística, e com a parelha de dromedários (ambos batizados de “Nino”) a fazer soltar muitos bruaás entre a assistência, o principal elemento diferenciador introduzido no espetáculo central foi mesmo a relação do Recontro de Valdevez com o episódio ocorrido dois anos antes, a Batalha de Ourique. Para esse enquadramento foi preciosa a vertente pedagógica do pequeno elenco do Grupo de Teatro do Vez, espécie de família contemporânea, em que um dos elementos anuncia, através das páginas do Notícias dos Arcos, a recriação do Recontro de Valdevez, fazendo-se uma viagem no tempo, com comentários e observações históricas à própria encenação, enquanto os árabes, com “vivas a Alá” (designação de ‘Deus’ na religião muçulmana), revisitam a Batalha de Ourique para justificar o bafordo de 1141. 

E, de facto, em vez da esperada batalha sangrenta, houve, sim, entre os “melhores homens”, um simples bafordo (de costume medieval), um frente-a-frente, com recurso a espadas e lanças, onde, em obediência ao “juízo divino”, coube a “Deus Nosso Senhor”, com a sua justa, ditar que seriam os portugueses, porque fizeram vários cativos contra nenhum do exército oponente, os vencedores desta contenda, evitando-se um cenário de carnificina, uma certa ideia de diplomacia cada vez mais ausente no mundo atual. 

A sexta edição da recriação histórica do Recontro de Valdevez, que acarretou um investimento na ordem dos 165 mil euros (valor sem IVA), emparceirou o Município, a companhia de teatro Conteúdos Mágicos (de Santa Maria da Feira) e o movimento associativo arcuense, representado na encenação de sexta à noite por 86 figurantes.

A.F.B.

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