rcos de Valdevez, terra de emigrantes, transformou-se também num concelho de (i)migrantes”

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Por ocasião da inauguração do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), nos Paços do Concelho, o presidente da Câmara Municipal lembrou a história de emigração como marca identitária de Arcos de Valdevez.

“Os Arcos são uma terra de emigrantes. Julgo que não há uma família nos Arcos que não tenha uma pessoa ou uma ligação com alguém que emigrou. Fomos para imensos sítios, por esse mundo fora, em busca de oportunidades, porque tínhamos uma necessidade. Raros terão sido aqueles que foram porque quiseram”, começou por dizer João Manuel Esteves na cerimónia pública que assinalou a abertura do CLAIM.

“Na Europa, os portugueses podem dizer que ajudaram a construir os países que dela fazem parte. Há muito sangue, suor e lágrimas de portugueses em França, na Alemanha, na Bélgica, na Suíça, na Inglaterra ou nos Países Baixos, tal como há nos Estados Unidos da América, no Canadá, no Brasil e na Venezuela”, frisou o edil arcuense.

Para “retribuir o que estes países já fizeram por nós”, João Manuel Esteves destacou a importância de “fazer o acolhimento das pessoas que chegam a Portugal, integrando-as para que elas se sintam bem no sítio onde estão”.

“Os estrangeiros são bem-vindos para o desenvolvimento e para a economia de Portugal. Mas, para exercerem a sua atividade, as pessoas precisam de sentir que são desejadas para, enquanto comunidade, poderem ajudar a construir o futuro que queremos”, ressalvou o edil arcuense. 

Graças a estes fluxos, e ao contrário do que sucedia antigamente, “o concelho de Arcos de Valdevez transformou-se também numa terra de (i)migrantes. E falo também de migrantes porque são muitos aqueles que vêm das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Tal como os brasileiros, os venezuelanos ou os asiáticos, os migrantes dos grandes centros urbanos nacionais são pessoas que também não são de cá (embora falem a mesma língua) e transportam imensas expectativas sobre o que podem fazer de diferente nos Arcos. A esmagadora maioria das pessoas que trabalha no setor da agricultura, ou do desenvolvimento rural, procede de Lisboa e do Porto, e tem o sonho de viver no (do) mundo rural. Aliás, este fenómeno tem permitido rejuvenescer o setor [primário]”, avultou João Manuel Esteves. 

 

O papel da escola

A escola contribui para a integração da comunidade estrangeira através do acolhimento dos estudantes. “As escolas recebem muito bem [os alunos e as famílias] e agilizam logo uma série de situações. São elas que estão a promover cursos de Português para estrangeiros. São elas que apontam as entidades que podem ajudar na busca de trabalho, nomeadamente o Centro de Emprego. Afinal, o que as pessoas precisam é de encaminhamento”, admitiu o presidente do Município.

Neste sentido, o CLAIM que está montado no edifício da Câmara “pretende responder às dificuldades encontradas pelas pessoas [estrangeiras] e através dele queremos ajudá-las a regularizar a sua situação perante a Administração portuguesa, na exata medida em que os portugueses também foram ajudados no estrangeiro. Com este passo [abertura do CLAIM], estamos mais próximos de construir uma sociedade mais inclusiva, mais justa e, acima de tudo, mais solidária”, rematou João Manuel Esteves. 

A.F.B.