Steven da Costa, campeão olímpico de karaté (categoria -67 kg) nas olimpíadas de Tóquio em 2021, pelas cores da França, nem sequer teve a possibilidade de revalidar a coroa nos Jogos Olímpicos de Paris este verão, pela simples razão de que o karaté deixou de fazer parte do programa olímpico. Uma tremenda “injustiça” para o multicampeão com raízes familiares em Paradela, Soajo (pelo lado paterno), o único campeão olímpico da história do karaté, pelo menos até às olimpíadas de 2032.
O karateca de 27 anos sempre alimentou esperanças de que o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos iria reverter a sua decisão, mas as expectativas goraram-se, tendo sido dada prioridade à estreia de quatro desportos (surf, break, escalada e skate) em Paris. Perdeu o atleta e perdeu a França a forte possibilidade de ganhar nova medalha de ouro, ou não tivesse Steven da Costa um currículo de respeito: um título olímpico, três títulos mundiais consecutivos (ouro em Madrid em 2018, no Dubai em 2021 e em Budapeste em 2023) e cinco europeus.
A retirada do karaté do programa olímpico teve sérias repercussões para Steven da Costa. “Financeiramente, teve um grande impacto. Quase todos os meus patrocinadores renunciaram. E entendo perfeitamente que os sponsors apoiem os atletas que participam nos Jogos Olímpicos”, admitiu o atleta à revista Le Point, até porque “o karaté não dá milhões a ganhar”.
Ultrapassada a desilusão, o tricampeão mundial centra-se agora no próximo objetivo para mostrar a fibra de que é feito: o Campeonato do Mundo a realizar no Egito em 2025.
De recordar que, em 2021, a Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez aprovou um voto de louvor, por unanimidade, ao lusodescendente Steven da Costa pela conquista da medalha de ouro na modalidade de karaté nas olimpíadas do Japão. O “pequeno príncipe do karaté”, como é carinhosamente conhecido, também foi distinguido na gala dos troféus desportivos “O Minhoto” com a estatueta de vencedor.
Além de Steven, o famoso clã Costa, responsável pela ascensão mundial do karaté francês, inclui, igualmente, os irmãos Jessie e Logan da Costa (este já retirado), e o pai Michel da Costa (treinador).
À margem do desporto, a família Costa não esquece as raízes e, quando pode, visita Soajo, onde tem muitos familiares e amigos.
A.F.B.