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Sexta-feira, Dezembro 13, 2024
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Há artes e ofícios tradicionais que resistem à extinção nos Arcos

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Como fazer uma cesta de vime, restaurar uma cadeira, fazer peças de cerâmica, construir um espigueiro em miniatura, pintar (desenhar) os elementos patrimoniais mais emblemáticos do concelho para decoração de paredes, criar trajes tradicionais, confecionar bonecas para enfeites e trabalhar a pedra com motivos ligados ao campo ou ao mar são ofícios procurados e, embora escassos, ainda há artistas nos Arcos para diferentes gostos. 

Entre os jovens o artesão Manuel José Rodrigues e a ceramista Filipa Correia são os que fazem trabalhos que não estão ao alcance do cidadão comum, até porque nunca houve tanto material e ferramentas disponíveis. Há uma necessidade crescente de as pessoas restaurarem e reconverterem objetos, ou comprarem materiais que reaproveitam o que a mãe-natureza dá, e, neste domínio, Manuel José Rodrigues tem talento e imaginação de sobra para fazer obras de arte na área da decoração – o campo serve de fonte de inspiração para os trabalhos que faz.

Admirado em Soajo pelas bonitas miniaturas (em madeira e granito), pelo trabalho minucioso e pela técnica aprimorada que aplica em espigueiros, Manuel José Rodrigues sobressai ainda no ofício do artesanato por criações como cestinhas, varas e porta-chaves.

A ceramista Filipa Correia, lisboeta radicada em Soajo, consegue surpreender os mais exigentes com a originalidade das suas criações na Oficina da Moura. O talento dá brilho às suas peças e utensílios para diversos fins. “O que eu faço é dar forma a histórias e a mais surpreendente foi arranjar uns talheres especiais para o corte de um bolo de casamento. O prazo era curtíssimo e a cerâmica leva tempo, mas não podia negar o pedido […], felizmente, os astros alinharam-se, pois a produção, a secagem e as duas cozeduras das peças saíram bem à primeira e foi uma alegria enorme contribuir para um dia especial dos noivos”. 

Com formação na área, Filipa Correia faz aquilo que gosta e consegue surpreender os clientes com a conceção de autênticas obras-primas, nas quais introduz uma identidade própria, difundindo lições histórico-culturais através das peças que produz, com o objetivo de fazer pensar as pessoas. Na Oficina da Moura, espécie de “laboratório”, Filipa explora artisticamente dons descobertos ou ocultos para criar peças em barro como utensílios e apetrechos de utilização prática. Mãe esmerada, a ceramista ainda tem tempo para workshops e promoção de ateliês para grupos de interessados. 

Cara muito familiar e com nome feito no artesanato local é Lurdes Cunha, do Vale, engenhosa na confeção de bordados e na criação de peças de tecido (linho incluído) com arte e bom gosto, com casa de comércio na sede do concelho, sem esquecer a soajeira Gracinda Gonçalves, conhecida pela criação de bonecas e de trajes tradicionais.

Apesar de reformado, Mário Sousa Cerqueira não vive agarrado ao passado. Bem pelo contrário. No seu ateliê instalado na freguesia do Vale, faz cestas de vários tamanhos, para não deixar cair no esquecimento a arte de cestaria. “Não é, nunca foi, a minha atividade profissional, mas faço questão de dar continuidade à veia artística do meu falecido pai, Avelino ‘Cesteiro’, que legou à família uma oficina para que eu pudesse continuar a fazer cestas de castanho e de austrália”, diz o artesão.  

Já o pintor Carlos Amorim desenha em tela os monumentos históricos do concelho (e até os brasões das freguesias), “mostrando Arcos de Valdevez nos cinco continentes”. Os quadros do artista de Gondoriz são sobretudo procurados por emigrantes.  

Entre criadores de esculturas (madeira e granito) e de peças de vestuário, passando por jovens ceramistas e de bijutaria tradicional, sem excluir os que exploram as possibilidades da natureza, dos sabores e dos saberes típicos da Terra, estima-se que no concelho de Arcos de Valdevez haja dezenas de pessoas ligadas aos setores tradicionais, na grande maioria dos casos como complemento a uma atividade principal. 

A.F.B.

 

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