A fábrica de Arcos de Valdevez da Coindu vai fechar até ao final deste mês de dezembro, levando para o desemprego 350 pessoas, de acordo com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA). O diretor geral da empresa, António Cândido confirma o despedimento coletivo.
“É com um misto de revolta que o SIMA vem informar que recebeu a comunicação que a unidade dos Arcos de Valdevez da empresa Coindu vai ser encerrada no final deste mês de dezembro, depois da compra da Coindu pelo Gruppo Mastrotto [multinacional sediada em Itália] há menos de dois meses”, refere o sindicato em comunicado.
O SIMA revela que o “processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação ao nível das autoridades competentes tenha sido levada a cabo”.
“Desde que o Gruppo Mastrotto adquiriu a maioria da empresa Coindu que se falava que a unidade dos Arcos [no parque empresarial de Padreiro Salvador] seria vendida, havendo já visitas à empresa por parte de uma outra empresa vizinha, isto enquanto se aguardava pela vinda de um novo projeto para a unidade dos Arcos”, lê-se na nota do SIMA.
O Sindicato acrescenta que, “curiosamente, 15 dias volvidos, a empresa comunica a sua intenção de proceder ao despedimento de trabalhadores em virtude do encerramento da unidade já no final de 2024, resultado da não concretização da obtenção do novo projeto que era esperado”.
O SIMA está a ponderar “as medidas que irá adotar a nível legal”, sendo que não exclui nenhuma, alertando o Gruppo Mastrotto para tomar “consciência de que este processo irá respeitar todos os trâmites legais nos prazos previstos e não os que são mais convenientes para a empresa”.
Como este jornal noticiou na sua edição de 24 de outubro, o Gruppo Mastrotto, líder mundial na indústria do couro nos setores automóvel, moda e interiores, “adquiriu uma participação maioritária na empresa Coindu”, por intermédio de uma contribuição de capital destinada a “relançar a empresa”, mas esta operação não será executada na unidade de Padreiro Salvador.
Financiamento ao abrigo do PRR
A Coindu recebeu 4 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), alegadamente destinados à fábrica de Joane. Segundo o Ministério da Economia, “o financiamento concedido pelo PRR em 2022, através do Programa Recapitalização Estratégica, foi amortizado voluntariamente – antecipada e integralmente – pela empresa a 15 de outubro de 2024, com a entrada do Gruppo Mastrotto como novo acionista”.
Sem encomendas em carteira, a unidade da Coindu em Padreiro, empresa especializada em assentos automóveis, despediu recentemente mais de 100 trabalhadores dos 350 que empregava há algumas semanas. Os que ainda têm trabalho estão a fazer estofos para a Tesla, depois disso virá o desemprego, muito embora o Município e o Governo estejam a trabalhar para “encontrar soluções”.
O SIMA, a administração da empresa, o Governo e a Autoridade para as Condições do Trabalho reúnem-se esta sexta-feira, 6 de dezembro, para avaliar indemnizações.