Demonstração de fogões solares artesanais “Podemos cozinhar em fogões solares sem gastar um cêntimo em energia”

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Precursor das energias renováveis, o padre Himalaya cedo viu no sol uma fonte de energia acessível a todos, com uma infinidade de usos. Partindo das ideias visionárias do cientista de Cendufe, e sob a coordenação do engenheiro eletrotécnico, Armando Ferreira, os alunos do curso Técnico de Energias Renováveis ficaram sensibilizados para a funcionalidade dos fogões solares, com os quais é possível cozinhar sem gastar um cêntimo em energia. A iniciativa decorreu na Semana Concelhia da Leitura, da Ciência e das Artes que o Agrupamento de Escolas de Valdevez promoveu de 31 de março a 4 de abril. 

O fogão solar ‘Girassol’ é um modelo portátil, leve, resistente e de fácil conceção. É especialmente adequado para confecionar cozidos e estufados, sendo “uma boa forma de aproveitamento da energia térmica do sol, de modo ambientalmente sustentável, não contribuindo para as emissões de gases de efeito de estufa”, frisou o professor no Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Segundo o fundador do Instituto Padre Himalaya, “o ‘Girassol’ usa uma estufa (bacia transparente coberta por um plástico) para armazenar a energia calorífica, promovendo o aquecimento do tacho que é colocado no seu interior”. 

A denominação de ‘Girassol’ resulta do facto de o fogão solar “estar sempre virado ao sol, a partir de ângulos otimizados, possibilitando que, em três horas e meia, tempo de cozedura dos alimentos mais difíceis, se consiga uma área de exposição ao sol constante, não precisando de ser reposicionado (seguir o sol) e atingindo temperaturas na ordem dos 150 graus Celsius”. 

Originalmente, Armando Ferreira desenhou “o modelo para Timor-Leste, à época arrasado pela invasão da Indonésia, com o objetivo de permitir que os agricultores pudessem trabalhar nos campos de arroz sem necessidade de se preocuparem com a orientação do fogão”.  

 

Os três elementos que formam o fogão solar

Para Armando Ferreira, “o sucesso de um fogão solar baseia-se na sua boa construção, bem como na otimização dos três elementos que o constituem: o refletor (concentrador), a estufa e o tacho”. 

No fogão solar é a superfície refletora a parte que sobressai pelo tamanho. A sua função consiste em “captar os raios de sol, fazendo-os refletir sobre um mesmo ponto” – é, justamente, no ponto de concentração dos raios solares que a temperatura atinge valores mais elevados, e onde é colocado o tacho com os elementos a confecionar. A superfície refletora mais eficaz é composta por espelhos, mas mais prático e menos oneroso é usar papel prateado colado sobre madeira.

A base da superfície refletora, em formato de concha, assenta em seis placas planas. Há também três painéis retangulares que, em estado de funcionamento, se posicionam em sentido vertical. Quando o fogão está a funcionar o refletor aquece bastante, mas nunca há o risco de combustão. 

Já a estufa, feita de material muito transparente, tal como o vidro, visa “reter e acumular o calor no seu interior, de modo a aquecer o tacho que se coloca dentro dela. A estufa só cumpre a sua função se não tiver buracos.

Por fim, o tacho (ou panela) é o recipiente onde a comida vai a cozinhar. “Tem de ser preto para absorver a totalidade dos raios de luz/sol, transmitindo aos alimentos o calor que recebe, por radiação”, explicou Armando Ferreira.