A programação do I Arcos Fado Fest englobou o lançamento do livro Ó gentes da minha terra, da autoria da prozelense Marta Alves. O volume, “inspirado no fado”, é o reconhecimento do “valor” dos conterrâneos que “fazem a história de Prozelo”.
A autora revelou que na génese do livro esteve a ideia de “fotografar a dona Lurdes a lavar roupa no fontanário”, mas o projeto foi evoluindo para “outras histórias, tradições e pessoas com valor. Partilhei as fotos e os textos que ia escrevendo na Internet, no Facebook e no Instagram, e fiquei surpreendida com a recetividade do público. Foi isso que me motivou a continuar e, mais tarde, decidi passar do caráter efémero das redes sociais para o caráter perene do livro” contou Marta Alves.
Para cumprir a missão foi preciso Marta fazer muito trabalho de campo. Para lá da sua atividade profissional, desde meados de 2023 que foi ouvindo vidas aos fins de semana. A autora foi batendo às portas para ouvir as gentes de Prozelo de modo a encontrar histórias, costumes e tradições. Recolheu testemunhos e “o melhor resultado deste trabalho é as pessoas verem a sua vida valorizada”, da lavadeira aos jovens irmãos na casa dos 30 anos que fazem da lavoura modo de vida, entre muitos(as) outros(as).
Mas, além do olhar e da escrita de Marta Alves, sobressaem no volume as ilustrações de José João que “acompanham as histórias de vida, algumas delas bem duras e sofridas. Este livro é, por isso, uma homenagem às pessoas de Prozelo. Foi realmente bom registar as memórias dos prozelenses, que se revelaram de uma grande generosidade, até com oferendas de farinha e batatas”, notou a autora de 30 anos, que se disse especialmente tocada pela avó de 96 anos, presente na concorrida sessão.
“Nós não somos nada se não soubermos de onde viemos”
O fadista Marco Rodrigues sentiu-se “um privilegiado ao ler o livro Ó gentes da minha terra, porque parte das personagens que o compõem fizeram parte da minha infância e da minha construção enquanto homem. Esta obra traz detalhes e pormenores que nos chamam a atenção, porque, afinal, nós não somos nada se não soubermos de onde viemos”, salientou o artista.
Por seu lado, o presidente da Junta de Prozelo elogiou a autora por “valorizar a terra e as pessoas da freguesia, percebendo-se o amor que ela nutre por Prozelo. Este livro faz parte do programa ‘Prozelo com vida’ e é um serviço prestado à comunidade”, enalteceu César Pinto.
Empenhada em preservar o património material e imaterial, a Junta prozelense recuperou, recentemente, os lavadouros da freguesia e compilou informação sobre as tradições ligadas à água. Além disso, depois dos workshops dedicados à tecelagem e ao fabrico da broa de milho, o ciclo de oficinas ‘Quero aprender’ terá continuidade com o objetivo de “transmitir saberes, perpetuando as tradições junto das gerações mais novas”, concluiu César Pinto.
A.F.B.