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A investigadora de Padreiro Santa Cristina que chegou à Universidade do Arizona onde gere o Programa Lowell

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Depois de vários anos a fazer ciência na Alemanha, num dos melhores centros europeus para “entender a terra”, a investigadora Marta Codeço mudou-se, há cerca de 14 meses, para a Universidade do Arizona (EUA), onde agora trabalha como gestora do Programa Lowell para os Recursos Minerais, no prestigiado Instituto Lowell. 

Mas para chegar aí muitos foram os desafios que Marta teve de superar com distinção. Terminou a licenciatura em Geologia em 2012 e, cerca de um ano depois, iniciou o mestrado em Geologia Económica. Entre 2012 e 2015, como bolseira de investigação, desenvolveu o projeto “Contrato de prestação de serviços de acompanhamento a trabalhos de prospeção e pesquisa mineral na área de Albernoa [Beja]”. Foi na sequência deste trabalho que Marta Codeço fez a tese de mestrado: “Estudo comparativo das sequências vulcânicas constituintes dos eixos Ervidel-Roxo e Figueirinha-Albernoa (Faixa Piritosa Ibérica) e respetiva relevância na prospeção de sulfuretos maciços polimetálicos”. 

A seguir, entre 2015 e 2019, fez o doutoramento em Geoquímica, no GFZ Potsdam (Alemanha), um dos mais conceituados centros de investigação da Europa, onde fez uso de equipamento analítico de ponta, além de ter colaborado noutros projetos científicos e participado em inúmeras conferências (Alemanha, França e EUA), tendo sido numa delas oradora convidada (Conferência da Sociedade Geológica da América)”.

Durante e depois do doutoramento, Marta Codeço produziu diversa literatura especializada. “Publiquei quatro artigos científicos sobre o meu projeto de doutoramento, um dos quais saiu na afamada revista Chemical Geology, e outros dois associados a outras iniciativas nas quais estive envolvida”. 

Após o doutoramento, Codeço continuou no GFZ Potsdam no mesmo projeto como investigadora pós-doutoral por mais dois anos (entre 2019 e 2021), período durante o qual escreveu uma “proposta para financiar um novo projeto pós-doutoral focado na formação de depósitos minerais na região do Alentejo (que foi financiado)”, circunstância que lhe permitiu voltar a trabalhar com empresas e colegas da Universidade de Lisboa que investigam nessa região. 

Em 2021, Marta Codeço integrou, como gestora promocional, “o projeto Ore Deposits Hub, uma plataforma online de seminários em Geociências, mas com enfoque nos tópicos aplicados à Geologia Económica”. 

Atualmente, o trabalho de Marta Codeço, de 34 anos, consiste em implementar programas de desenvolvimento profissional a graduados em Geologia Económica (ramo científico de Geologia que se debruça sobre a prospeção e exploração de recursos minerais), para responder a uma grande necessidade de mão-de-obra qualificada por parte da indústria mineira, tendo em conta que os cursos tradicionais (bacharelatos e licenciaturas) não colmatam esta necessidade – os mesmos estão desenhados para uma formação genérica na área das Geociências.

Apesar do caminho que ainda há para andar, Marta Codeço está empenhada em contrariar “a perceção errada que a opinião pública tem da indústria mineira moderna (‘indústria suja e poluidora’)”, bem como “a falsa noção de que o ser humano consegue viver sem indústria mineira”. 

A.F.B.

Três perguntas a Marta Codeço

“Por experiência própria, com trabalho e dedicação, tudo se consegue”

  1. Quando começou e como se desenvolveu a sua experiência internacional de investigadora?

Depois de concluir o mestrado e de desenvolver investigação como bolseira em Portugal, mudei-me para a Alemanha, em 2015, para fazer o doutoramento. A Alemanha tem uma mentalidade muito voltada para a ciência e tecnologia. Tive oportunidade de trabalhar com pessoas brilhantes e tinha à minha disposição uma panóplia de equipamentos de investigação sem paralelo em Portugal. A Alemanha permitiu que eu crescesse imenso enquanto investigadora. Em comparação, os EUA são mais complexos em termos de financiamento e acesso a laboratórios. Em geral, as universidades estão bem equipadas e há várias fontes de financiamento disponíveis especialmente na minha área que é considerada crítica para a avaliação (e inventário) de recursos minerais no país. Algo que eu considero importante aqui, nos EUA, é o facto de as empresas mineiras doarem fundos às universidades, não só para programas educacionais como também para financiamento de projetos de mestrado e doutoramento. 

  1. Exerce na Universidade do Arizona as funções de gestora do Programa Lowell, no Instituto Lowell para os Recursos Minerais. Em que consiste o seu trabalho?

O meu trabalho abarca uma grande variedade de responsabilidades e funções: lecionar cursos, orientar estudantes graduados (mestrandos e doutorandos), desenvolver currículo (cursos e programas), conduzir investigação, obter financiamento, entre outras. No fundo, a minha posição é muito semelhante à de um professor universitário, com a exceção que as minhas responsabilidades são para com este programa e não com o departamento de Geociências.

  1. Que conselhos dá aos alunos que frequentam o ensino secundário que revelam especial vocação para a ciência e investigação e que gostariam de fazer carreira na área?

Que não se deixem intimidar pelas fracas perspetivas de carreira. E, especialmente, não sigam uma carreira para a qual não têm vocação só porque há garantias de saída profissional no fim do curso. O mais certo é ingressarem no ensino superior e sentirem-se miseráveis porque não gostam e não são felizes no que estão a estudar. Por experiência própria, com trabalho e dedicação, tudo se consegue. 

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