Descobertas arqueológicas sobre o balneário castrejo atribuído ao castro de Eiras/Aboim das Choças

0
12

Os arqueólogos José da Silva Ferreira e Armando Ferreira da Silva são coautores de um trabalho de investigação relativo ao balneário castrejo atribuído ao castro de Eiras/Aboim das Choças. O artigo, que foi publicado há cerca de sete anos na revista Al-Madan (de Almada), é de vincada importância no que diz respeito à “original e verdadeira localização” do balneário. Este tópico sobe e primeiro plano numa altura em que o Município vai contratar equipa arqueológica e coletivo científico para aprofundar o conhecimento daquele sítio arqueológico.

Depois do “achado da Pedra Formosa e de outros materiais do balneário castrejo”, conforme estudo editado por ambos em 2016 na mesma publicação (dedicada à arqueologia), os estudiosos, com base em “testemunhos credíveis”, garantem que o referido monumento (balneário) “estava implantado na Quinta do Caco, no sítio de Aboim, lugar de Sobreiro, freguesia de Aboim das Choças”.

“Para chegarmos a conclusão tão segura, entrevistámos diversos intervenientes presenciais do desaterro que revelou a presença das pedras, que foram então interpretadas como pertencentes a alguma construção arruinada, sem qualquer significado particular”, acrescentam José da Silva Ferreira e Armando Ferreira da Silva.

A informação compilada é ainda preliminar, mas, “a partir da localização do balneário castrejo”, devidamente “contextualizada com os conhecimentos disponíveis sobre a proto-história”, será possível apurar o “povoado a que se deve atribuir a construção do monumento”.

De referir que, nas cercanias do referido balneário, existem os dois “castros romanizados de Álvora e de Eiras/Aboim das Choças. […] Ele fica localizado a algumas centenas de metros de qualquer deles. As cotas de altitude são: 109 m para o balneário, 269m para Álvora e 295 m para Eiras/Aboim das Choças”. 

Os povoados em questão não foram escavados, mas, a partir de vários dados, Armando Ferreira da Silva conclui que “o castro de Álvora é mais antigo que o de Eiras/Aboim das Choças, devendo este ter constituído uma centralidade regional na fase mais tardia da cultura castreja, segundo o modelo evolutivo reconhecido para o noroeste de Portugal”.

Apontam para uma “maior antiguidade” do castro de Álvora “os abundantes materiais cerâmicos recolhidos”, que “têm uma fortíssima predominância castreja”. Por seu lado, em Eiras/Aboim das Choças, “as cerâmicas castrejas são raras e, largamente predominantes, são as cerâmicas comuns romanas”. 

A juntar a isso, em Álvora, “foram encontrados machados de pedra polida e um molde em granito de foice de talão, datável, pela sua tipologia, do final da Idade do Bronze, em torno dos séculos IX/VIII a.C.”, segundo um estudo que os dois arqueólogos citam de Ana Bettencourt.

Estes (e outros) elementos, aliados às “características arcaicas” e à “forte carga simbólica astral da decoração da Pedra Formosa, única entre todas as que são conhecidas”, levam José da Silva Ferreira e Armando Ferreira da Silva a “pensar que o balneário castrejo em apreço deve estar associado, na sua fundação, com mais probabilidade, ao castro de Álvora do que ao de Eiras/Aboim das Choças, podendo ter tido uma utilização comum pelos dois povoados em período posterior”.