O culto a São Jorge, que se celebra a 23 de abril, originou a realização de uma exposição na Casa Paroquial de São Jorge. Sob organização do padre Belmiro Amorim e dos paroquianos Manuel Costa e Catarina Caldas, a mostra “São Jorge: História, Imagem e Devoção em Portugal” esteve patente ao público de 23 a 27 de abril. Nela, sobressaía uma pintura (a óleo) de São Jorge concebida por uma “filha da Terra”.
Além da freguesia arcuense, são muitas as localidades portuguesas (e não só) onde São Jorge é o respetivo padroeiro, entre outras, Caldas de São Jorge (Santa Maria da Feira); São Jorge da Várzea (Felgueiras); São Jorge de Vila Verde de Ficalho (Moura, Serpa); São Jorge, Igreja de Santa Cruz do Castelo (Lisboa); São Jorge de Airó (Barcelos); São Jorge, Sarilhos Grandes (Montijo); São Jorge de Vizela (Vila Fria e Vizela, Felgueiras); São Jorge (Caminha); São Jorge (Santana, Funchal); São Jorge das Velas (Velas, Ilha de São Jorge, Açores); São Jorge de Paradança (Mondim de Basto, Vila Real); São Jorge de Boim (Lousada); São Jorge das Doze Ribeiras (Ilha Terceira, Açores); São Jorge de Abadim (Cabeceiras de Basto, Braga); e São Jorge Selho (Pevidém, Guimarães).
Na sua breve alocução, Manuel Costa explicou que “a exposição é o resultado de passeios realizados por freguesias de Portugal e ilhas onde o padroeiro é São Jorge (ao todo são 18 localidades), numa lógica de turismo e de descobrir outras terras. O mais curioso desta iniciativa é que não encontrei dois ‘São Jorges’ iguais, todos são diferentes”, atalhou.
A jovem arquiteta Catarina Caldas frisou que “esta exposição, aberta a contributos, é apenas a primeira semente para colher mais tarde os frutos, criando-se, ao longo do tempo, uma resenha sobre São Jorge”.
Por seu lado, o pároco de São Jorge, padre Belmiro Amorim, anunciou o propósito de fazer da sala “um ponto de encontro da nossa cultura e da nossa História. Depois da exposição de São Jorge, seguir-se-ão outras iniciativas, incluindo mostras dos trabalhos da Catequese e, quem sabe, exposições das riquezas que existem nas arcas velhas da população sénior”.
“Diversidade” da imagem de São Jorge
Segundo a literatura especializada, conclui-se que “a imagem de São Jorge foi sendo moldada e interpretada de diferentes formas pelas diferentes comunidades que o veneram, levando, portanto, à origem de várias manifestações artísticas, espirituais e culturais. […] A interpretação, baseada muitas vezes em histórias e lendas, leva a que haja uma enorme diversidade no que toca à sua imagem. Existe, por isso, uma enorme riqueza iconográfica e simbólica de São Jorge no território português”.
História e culto ao “Grande Mártir”
Citando o estudioso Salvador de Sousa (de Vila Verde, Braga), “São Jorge nasceu, no ano de 275, na antiga região da Capadócia, hoje parte da Turquia, no seio de uma família nobre e cristã. O pai era militar e faleceu numa batalha. A sua mãe […], rica de bons costumes, muita cultura e com avultados bens, transmitiu ao seu filho uma educação refinada. Foram, logo após o falecimento do pai de São Jorge, morar para a Palestina, terra natal de sua mãe”,
Jorge “ingressou na carreira militar […], tendo um temperamento muito aventureiro, corajoso e combativo, […] na lide das armas teve uma careira de sucesso, sendo promovido a capitão do exército romano e alcançado o título, dado pelo imperador Diocleciano, de conde e tribuno do Conselho Militar Romano”.
“Conhecedor da natureza do cristianismo por influência de sua mãe e do meio ambiente onde foi criado, abraçou a fé, despojando-se dos seus bens materiais, distribuindo-os pelos pobres, dispensando todos os títulos, indo ao encontro dos ideais evangélicos […]. Foi, por isso, encarcerado, martirizado, sujeito a terríveis torturas e golpes de traição para o fazer desistir da sua fé. Nada o abalou no prosseguimento do seu caminho […]”.
“O imperador, nada conseguindo fazer para o demover da sua fé cristã, mandou-o degolar, no dia 23 de abril do ano de 303, depois de o ter ridicularizado pela cidade de Nicomédia, na Ásia Menor. Ficou logo conhecido pelo ‘Grande Mártir’ e acolhido pelos cristãos como um santo predileto, sendo canonizado no ano de 494 pelo papa Gelásio”.
Os restos mortais de São Jorge estão sepultados em Dióspolis (Palestina).