A vespa velutina, de origem asiática, instalou-se no Alto Minho desde setembro de 2011 e está dispersa pelos vários concelhos, onde tem dizimado colmeias e atacado apicultores, em certos casos, com gravidade. Para continuar a assegurar a destruição de ninhos de vespa-asiática, o Município de Arcos de Valdevez abriu procedimento concursal pelo preço base de 25 mil euros e um prazo de vigência até 31 de dezembro de 2025.
A luta contra a vespa velutina continua longe de estar ganha. A deteção de nidificações em áreas residenciais mostra que o combate à expansão do inseto, grande predador das abelhas autóctones, requer a colaboração da população. Nestes casos, como em qualquer outra situação, recomenda-se que seja feita uma comunicação à Proteção Civil Municipal ou, em alternativa, à respetiva Junta de Freguesia ou através da plataforma online “SOS Vespa” (com esta aplicação móvel, consegue-se identificar a localização e o estado dos ninhos). A destruição dos ninhos é considerada essencial para “impedir o nascimento de centenas de obreiras desta espécie”.
É para diminuir o número de colónias e proteger a comunidade, bem como salvaguardar a apicultura, que os municípios têm investido em recursos humanos e tecnológicos. Mas, desde que a vespa assassina alastrou, são recorrentes na Península Ibérica as notícias quer de mortes de pessoas por picadas quer do enfraquecimento dos apiários, com redução substancial do rendimento das abelhas. Além disso, a polinização das plantas está cada vez mais em risco.
Em resposta ao efeito destrutivo da vespa-asiática, de tempos a tempos, são feitas inovações nos métodos de combate aos ninhos. Em Arouca (Aveiro), está a ser aplicada, com reconhecida eficácia, uma metodologia de destruição (desenvolvida pela associação Nativa – Natureza, Invasoras e Valorização Ambiental) que consiste em colocar alimento envenenado dentro do ninho utilizando uma vara. Esta armadilha, com melhores resultados do que a incineração, permite atuar sobre o sistema nervoso da vespa durante vários dias, possibilitando, de igual modo, a destruição dos ninhos-satélite da mesma colónia.
Muito mais vulgarizado está o uso de um ardil caseiro, baseado numa garrafa de água (de litro e meio), com uma entrada, no interior da qual é colocada uma solução adocicada (que atrai as vespas-asiáticas) e umas gotas de vinagre (que afastam as abelhas e evitam que estas caiam no embuste). E quanto mais garrafas se dispuserem em locais estratégicos, mais possibilidades há de capturar as vespas fundadoras (as que formam os ninhos).
Vespa-asiática, uma “caçadora implacável”
Segundo a literatura especializada, a vespa-asiática é a maior vespa do mundo (a seguir à vespa soror, também de origem oriental, já detetada nas Astúrias, Espanha), uma “caçadora implacável”, que se alimenta de insetos como vespas e abelhas, de néctar e vegetais. Outro dos seus “pratos” favoritos é a fruta madura.
Para controlar a invasão do inseto, já que erradicá-lo parece impossível, a maioria dos apicultores desenvolveu, nas imediações dos apiários, armadilhas artesanais, construídas em garrafas de plástico, socorrendo-se de iscos fermentados. Estas armadilhas devem ser instaladas preferencialmente entre novembro e dezembro, período durante o qual as vespas fundadoras saem dos ninhos secundários.
De acordo com os especialistas, “a partir de janeiro/fevereiro, a rainha fundadora começa a construir um ninho primário. Este ninho é do tamanho de duas bolas de ténis, contém a rainha e dezenas de vespas obreiras. Durante a primavera, o ninho começa a crescer em número de obreiras, sendo o ninho primário abandonado e construído um ninho secundário. Este ninho é definitivo e bastante maior que o anterior, podendo o mesmo ter 1 metro de altura e 0,8 m de diâmetro”.
Os apicultores afetados contam que a vespa-asiática sobrevoa, primeiro, os favos à espera da chegada das diligentes inquilinas. Após o ataque de duas ou três vespas, as abelhas caem no chão, devido aos ferimentos, e são intercetadas e levadas para o vespeiro como alimento.
Segundo alguns relatórios, um grupo de cinco espécimes pode dizimar um enxame inteiro em poucos dias. Regra geral, as abelhas morrem “devido à agressão, mas já se observou que, quando detetam a presença das vespas nas imediações, as abelhas evitam sair da colmeia”, ficando, assim, privadas de alimento, acabando por morrer de fome.
A.F.B.