Faz já dez anos, no próximo dia 17 de Janeiro de 2024, que o poeta prozelense, José Terra, faleceu em Paris, aos 85 anos, mergulhando “como sombra pela sombra”, como ele disse num poema do seu segundo livro Canto Submerso, escrito em 1955, quando tinha apenas 27 anos.
Apesar do que diz no primeiro verso desse poema, que continue a viver connosco através da sua poesia, de temática múltipla e universal (revolta contra a opressão e a miséria, hino à Liberdade, amor, interrogação sobre o destino do ser humano…).
Eu não me importo que ninguém me leia.
Sei que um dia alguém tropeçará num meu verso
como se tropeça acaso num objecto esquecido
e, ouvindo o sonido desse verso bisonho,
dirá; “este que esquelético foi
cavalo suspenso sobre o abismo
de ignotas regiões trazia o sopro
em dentes raivosos de infinito.
E por aqui passou. Aqui deixou
o peso dos seus ossos, esses que
lhe encurtavam a vista. E disse ao vento:
– Pai supremo, guarda-me em teu seio. –
Assim o ouviu o vento, e assim ele
mergulhou como sombra pela sombra.
“SAUDOSO JOSÉ, agora que estás do outro lado do ‘Espelho do Invisível’, DESCANSA EM PAZ” (Monique)