Quando em 1995 decidimos adquirir um refúgio de montanha em Cabana Maior, deixando para trás, por temporadas, uma zona urbana com todo o bulício da vizinhança, do Porto de Leixões e da, então em funcionamento, refinaria da Galp, muitos dos nossos amigos nos questionavam qual a razão de tal decisão. À falta de melhor resposta imediata, dizíamos que “se um dia houvesse uma guerra, aí estaríamos a salvo, pois ninguém iria chegar lá, por razão nenhuma”.
Só se os “senhores da guerra”, quisessem desfrutar da mais pura natureza e de um ar despoluído, das águas mais puras e cristalinas que Cabana Maior possui em abundância.
Duvido que esse fosse o desejo deles.
Hoje, passados que são já 30 anos sobre a data da aquisição, o tema é cada vez mais atual, não porque a guerra esteja assim tão iminente por estas bandas, mas porque as mentes dos “senhores da guerra” estão cada vez mais poluídas e possuídas por interesses mais gananciosos e menos virados para a pureza da natureza verdejante e das florestas que em Cabana Maior “bebemos”
Os nossos amigos continuam a dizer-nos, “olha, em Cabana Maior, vais estar a salvo”. É verdade! Sempre estivemos e continuaremos a estar.
Só a incompreensível guerra é uma presença constante. Mesmo a milhares de quilómetros de distância, continuamos a aguardar pelo fim mais do que desejado de qualquer guerra.
Álvaro Galante