Escrevo este meu artigo no último dia de 2023 e no primeiro de 2024 para fazer um pequeno balanço destes dias que, teoricamente, podem mudar o rumo do Mundo. Este ano que acaba agora foi um ano aterrador, cheio de guerras (e não só…), quer na Ucrânia quer na Faixa de Gaza, isto para não falarmos no resto do mundo. Em Portugal, além da balbúrdia política, caiu um governo que tinha sido eleito com a maioria absoluta, pasme-se…
Olhando para o nosso querido país, a mim, acreditem, aparecem-me lágrimas nos olhos: é o caos do Serviço Nacional de Saúde; é a desorganização das escolas; é a afronta para com a classe docente; é o que querem fazer ao Jornal de Notícias (e restantes títulos do grupo); é o futuro que é negado aos nossos jovens; é o aumento do custo de vida que se avizinha….e o que mais virá….O meu querido avô materno, que também era professor (eram chamados de ‘professores primários’ na altura), dizia-me para me animar, “Toninho, a História ensina os homens!”
Passados estes anos todos, e sendo eu licenciado em História, penso: “meu querido avô, como estavas enganado”. Dizias-me isso para me encorajar, mas, hoje o mundo está tão bárbaro como antigamente. Meu querido avô, no teu tempo, assististe à I e II Guerra Mundial e, sobretudo na II, assististe aos Holocaustos, à carnificina de crianças, de mulheres e idosos. Sei que choraste ao ler nos jornais (não havia televisões à época) esses horrores, mas hoje, nos nossos dias, vemos, quase em direto, esses mesmos terrores, essas carnificinas horrorosas que tu pensavas que, no meu tempo, já não existiriam, que os homens seriam mais “civilizados”… Como nos enganámos, meu querido avô. O Homem continua a ser uma “criatura selvagem”, quase como na Pré-História, de facto quer o “poder” quer o “dinheiro” corrompem e o ser Humano torna-se neste “animal” que vemos todos os dias nos meios de comunicação social. Hoje, o ser humano não se orienta por princípios, mas sim pelo poder político e pelo dinheiro.
Neste ano que agora se inicia, peço a Deus que nos Ilumine, que torne o ser humano um ser inspirado no que nos ensinou, num ser humano que não seja racista, que seja humanista, que olhe para os outros seres humanos como irmãos, como filhos de Deus e não do Maligno. Eu sei que isso seria um milagre, mas eu ouvindo, na minha memória, o meu querido avô materno e a minha querida mãe, ainda acredito em milagres. Que o ano de 2024 não seja (vamos acreditar) como este ano que hoje acabou. Que assim seja!
António Pimenta de Castro