As do deputado Miguel Arruda por natureza deveriam cheirar mal e, no seu bojo, nunca se sabe se outros produtos mais atrativos não possam ter tido um destino certo, como alguns que passam sem revisão mais cuidada. É lamentável que na Assembleia da República, por força de votos populares do Partido CHEGA, um senhor Arruda tenha, na “Casa da Democracia”, um lugar de deputado. São eleitos como Arruda que levam a sociedade a desinteressar-se pela política.
E eu que vivi livremente no Brasil, mesmo nos tempos de ditadura, viajei dezenas de vezes nos dois sentidos, sem problemas, a não ser numa das viagens em que portava meia dúzia de latas de atum, latas normais e que o revisor do Aeroporto do Galeão entendeu que não poderiam passar, apesar da esposa adorar latas de atum. E eu com toda a naturalidade passei-lhe de imediato duas ou três latinhas para as mãos do “zeloso” revisor, que só não me agradeceu com um abraço, mas agradeceu-me verbalmente e ajustou as minhas roupas, algumas usadas, fechando-me de imediato e mandando-me partir na graça de Deus. E eu lá parti com a graça de Deus e sem as três latas de atum…
Os emigrantes…
Mais de 30% dos portugueses são, ou foram, emigrantes. E isto deveria ser uma fonte de cultura. E cultura nem precisa ser a de Jorge Amado, Ferreira de Castro, José Saramago e de tantos outros que, perseguidos, também emigraram. O convívio com outros povos e os seus costumes, só por si, já bastariam pelo menos para a subida de alguns degraus de saber. Mas o mundo envergonha qualquer ser humano, quando, nos Estados Unidos da América, se assiste à expulsão desumana de cidadãos, algemados, homens e mulheres, expulsos à força. Comparando com a nossa estadia forçada, em Cabo Verde, e a procurada no Brasil, país que de portas abertas recebia diariamente emigrantes de toda a Europa e que aos portugueses oferecia um especial afeto, sinto vergonha por tanto ter acreditado em países que se dizem democráticos, como os Estados Unidos, onde um alucinado Donald Trump preside, protegido pelo capitalismo mais selvagem do mundo.
Recordo as empresas americanas que no Brasil, de tanto explorarem as suas ricas matérias-primas, levaram, e levam, milhões de brasileiros à fome e à emigração. Mas parece não existir neste mundo remédio para tanto mal de rapinagem… E não quero deixar de me referir ao facto de muitos dos nossos emigrantes em terras de “Tio Sam” se terem posicionado a favor de Trump. Que tristeza!
Oitenta anos de Auschwitz
A 27 de janeiro completaram-se 80 anos em que o exército da antiga União Soviética libertou na Polónia milhares de judeus de continuarem a servir de óleo para as tropas de Hitler. As forças soviéticas perseguiam o resto do exército nazi alemão na Polónia até Berlim, que conquistaram. Milhares de judeus foram libertados, socorridos com medicamentos e com uma alimentação que lhes restituiu a liberdade. E os crimes de Hitler terminaram com o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas os judeus nada agradeceram, e em nada e para nada lhes serviu, o exemplo humanista dos soldados soviéticos. Quando hoje olhamos para a Palestina e os países à sua volta, os judeus, com origens na geração do holocausto, praticam os mesmos crimes de que foram vítimas, matando mulheres e crianças nos terrenos que lhes foram oferecidos, destruindo as suas casas, obrigando uma legião indefesa a deslocar-se para terras por eles determinadas, numa angústia que em nada difere dos crimes de que foram vítimas no Holocausto. É tempo de acabar com o sofrimento de milhares de inocentes palestinianos, às mãos do sionismo que o Ocidente continua a ajudar e estimular. Poder-se-á dizer que vivemos em liberdade democrática?
- Peixoto
