São da vaca cachena, mas saboreados pelas crianças das escolas arcuenses. Quem me dera que, no meu tempo, fosse assim! Mas os “putos” não acreditam muito em balelas e enquanto os das cachenas só raramente aparecem no prato, limitam-se a comer, na maioria das vezes, a carne (e o peixe) que as empresas servem nas escolas. Perguntando a alguns professores se as cantinas serviam bifes da cachena às crianças, responderam-me se eu ainda “acreditava na conversa da treta”.
Mas com conversa ou sem ela, a verdade é que, segundo o presidente da Câmara, o protocolo será alargado a legumes e fruta da época. E com esta valorização, as crianças arcuenses, que já eram “felizes” por comerem carne cachena desde 2022, ficarão ainda mais felizes e mais saudáveis, para felicidade das mãezinhas…Ou será tudo isto propaganda?
As trapalhadas
Quando se canta de galo fora do poleiro, tudo é fácil, nós é que sabemos, ressuscitam-se defuntos, mas depois de se chegar ao poleiro e ter de prestar contas são tudo confusões e o atual primeiro-ministro dá-nos a impressão de um funcionário em férias, tão raras e infelizes são as suas ideias e intervenções. E poderíamos aqui citar mais alguns membros do atual Governo, como o da Economia, outro abstrato que ou muito nos enganamos ou de economia entende muito pouco. Quando nos aparece Mário Centeno e estabelecemos comparações, fica-nos a ideia, muito persistente, de que para governar Portugal só mesmo a gente de esquerda do Partido Socialista. E se sim ou não, o futuro aí estará para o confirmar. Eu preferia estar enganado para bem do País.
Os esquecidos
A propósito da comemoração, sem povo, do “novo” 25 de novembro, a Assembleia da República esteve em festa com os cravos brancos, esquecendo os milhares de portugueses torturados pela ditadura salazarista e, sobretudo, as cadeias e fortes cheios de presos políticos, de todas as classes sociais, uns e outros alcunhados de comunistas. E as figuras incontornáveis do Portugal democrático, que lutaram contra a ditadura, como Álvaro Cunhal, Mário Soares ou Humberto Delgado.
Da parte mais notável da nossa história moderna, a Revolução dos militares de Abril, nem uma referência a Salgueiro Maia, Vasco Lourenço, Otelo de Carvalho, e até aos mais notáveis militares angolanos, moçambicanos e guineenses, que na sua luta patriótica contribuíram, e como!, para que uma revolução pacífica acontecesse no mundo moderno em Portugal. E como podem os responsáveis políticos de hoje julgar alguns lapsos da luta pelo poder, sem sangue, mas sobretudo pela omissão da justiça que deveria ter sido feita aos injustiçados do antigo regime que nada sofreram apesar dos grandes crimes que cometeram? Por onde andam, e agora a nível pessoal, os valores perdidos por um jovem dos 20 aos 24 anos, com prisões no Continente e em torno de três anos em Cabo Verde e milhares de escudos pagos aos tribunais por crimes políticos que nunca cometi? E como eu milhares de jovens e até operários trabalhadores que procuravam melhores condições de vida no estrangeiro, perseguidos e alguns torturados pela PIDE salazarista? Já o nosso poeta Carlos Cunha, num dos seus livros secretos, dizia que os “Gritos são Vermelhos”, mas com cravos vermelhos e nunca com cravos brancos.
- Peixoto