5.1 C
Arcos de Valdevez Municipality
Quarta-feira, Dezembro 11, 2024
InícioParque NacionalModelo de cogestão do Parque Nacional a dar os primeiros passos

Modelo de cogestão do Parque Nacional a dar os primeiros passos

Date:

Relacionadas

LIADTEC – Lithium Advenced Technology adquire fábrica da ACCO Brands

A ACCO Brands, fábrica recém-encerrada no parque empresarial de...

Estado do Concelho discutido na Assembleia Municipal

Na Assembleia Municipal (AM) de 29 de novembro, os...

Emigração de licenciados

Em meados da década de 70 desloquei-me à Finlândia...
spot_imgspot_img

O modelo de cogestão do Parque Nacional (PN) foi criado em 2021 para promover atividades de molde a preservar os valores e os recursos naturais existentes em simbiose com o conhecimento e as boas práticas. Pelos vários parceiros tem sido sublinhado que o referido instrumento de gestão visa consagrar e reconhecer a Área Protegida e o capital natural como desenvolvimento local e regional sustentável, algo que reclama a mobilização dos municípios na gestão do território e no estabelecimento de parcerias com os agentes locais, favorecendo, ao mesmo tempo, uma gestão de proximidade.

A Comissão de Cogestão – da qual fazem parte sete entidades, designadamente o conjunto dos cinco municípios do PN, representados pelo presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves; o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), através da diretora Regional do Norte do ICNF, Sandra Sarmento; as instituições do ensino superior, representadas pelo reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro; os Baldios do PN, através do presidente da Associação Atlântica, Durval Gave; a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), representada pelo diretor Regional Adjunto, Luís Brandão Coelho; e a ADERE-PG, através da administradora-delegada, Sónia Almeida –  tem destacado alguns dos problemas crónicos relacionados com o PN que, segundo a maioria dos observadores, também têm origem nalguma incompreensão tanto das populações residentes como do turismo massificado. As maiores “dores de cabeça” prendem-se, sem dúvida, com os incêndios, a insensibilidade e a pressão que os visitantes colocam a este “tesouro” natural. Estas questões, aliadas à (in)segurança dos visitantes (em certos trilhos e lagoas, por exemplo), são de primeira ordem para os elementos que compõem a Comissão.

Nos primeiros avanços do Plano de Cogestão, foram constituídas e valorizadas rotas pedestres, cicláveis e equestres; promovidas atividades para potenciação do turismo e do desporto de natureza, assim como dos recursos endógenos. No entanto, o modelo de cogestão do PN, na perspetiva dos analistas, ainda tem um “longo caminho a percorrer” para impulsionar novas atividades; desenvolver produtos passíveis de atribuir valor aos recursos naturais existentes; consciencializar as pessoas para a preservação das riquezas naturais existentes; e fomentar a gestão colaborativa com o objetivo de internacionalizar o território. 

 

Envolvimento do sistema universitário e da população

A diretora Regional do Norte do ICNF tem salientado o papel da parceria estabelecida entre os atores locais e as universidades, que trazem o conhecimento, a informação e o empreendedorismo. “Entre outras, temos várias entidades representativas: a ADERE-PG, um representante dos Conselhos Diretivos dos Baldios e, também, a representação da DRAPN. Estamos a trabalhar em prol de uma gestão de proximidade, participada e colaborativa”, tem reafirmado Sandra Sarmento.

Complementarmente, em diversas reuniões de trabalho, tem sido reforçada a necessidade de tirar melhor aproveitamento do modelo de cogestão do PN com a mobilização da população para as diferentes áreas temáticas, em conformidade com os eixos estratégicos definidos no Plano de Valorização do PN, o chamado “Plano de Ação da Reserva Mundial da Biosfera”, que está centrado nos pilares da “promoção do território”, do “desenvolvimento socioeconómico”, da “conservação da natureza/património natural” e do “envolvimento da comunidade”, segundo tem sublinhado João Manuel Esteves, presidente da Comissão de Cogestão do PN. 

 

Relação entre “meio ambiente” e “Homem” para o desenvolvimento sustentável

No âmbito da Comissão de Cogestão, há a preocupação de “melhor articular com os ministérios da Agricultura e do Ambiente/Ação Climática” os projetos de conservação da natureza correlacionados com a ação do Homem pelas suas implicações a nível de transformação do território, com o objetivo de evitar conflitos legais e administrativos, na medida em que estes podem obstaculizar a implementação de ações de pastoreio, reflorestação ou restauro de áreas que sofreram ação de incêndios ou processos de erosão.

Um dos bloqueios à atividade pastoril prende-se, justamente, com o facto de a “x hectares de área baldia estar associado x cabeças de gado”, por isso, sempre que é operada uma ação de reflorestação, “a superfície a reflorestar é retirada da área de pastoreio”, e, por tal motivo, as plantações não agradam a todos e dão origem a conflitos. 

“Para obviar a esta situação, o que se pretende é compatibilizar, a priori, as áreas destinadas ao pastoreio, estabelecendo-se ainda que, no caso de eventuais operações de restauro, seja instituído pela tutela um mecanismo no sentido de adequar a área de baldio à atividade pecuária, com os necessários acertos de área para permitir a conciliação entre a pecuária e a regeneração dos ecossistemas”, defende João Manuel Esteves, presidente da Comissão de Cogestão da referida Reserva Mundial da Biosfera. 

 

Reuniões de trabalho em Sistelo e no Mezio

As sete entidades que integram a Comissão de Cogestão reuniram-se no passado dia 18 de agosto, em Sistelo, onde fizeram o ponto de situação acerca das diligências executadas no âmbito do Plano de Cogestão. “Neste encontro, foi dado parecer favorável ao projeto que visa o melhoramento das condições de visitação no Parque de Campismo da Travanca (Cabana Maior), o qual será objeto de candidatura ao Fundo Ambiental (instrumento de financiamento da política do ambiente), tendo em vista diversificar a oferta de alojamento turístico na área do PN”, adiantou o presidente da Comissão, João Manuel Esteves, na reunião de Câmara de 24 de agosto. Supletivamente, o referido organismo aproveitou a ocasião para estudar “as diferentes fontes de financiamento passíveis de candidatura” e dissecar “as interações havidas com a Administração e com o Ministério do Ambiente e da Ação Climática”. 

Entretanto, no passado dia 22 de agosto, a Comissão Cogestão do PN esteve reunida na Porta do Mezio com a vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Célia Ramos, e o diretor geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Rogério Lima Ferreira, entre outras individualidades/entidades, com o objetivo de “desenhar o melhor tipo de articulação entre o Plano de Cogestão do PN e o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC)”. 

 

Objetivos do Plano de Cogestão até 2027

O Plano de Cogestão do PN é o documento que estabelece a estratégia e a base de programação de um conjunto de investimentos, a cinco anos (entre 2022 e 2027), orientados para os objetivos fundamentais da cogestão, ou seja, para o “desenvolvimento sustentável desta Área Protegida”.

O Plano de Cogestão, para o respetivo quinquénio, tem como objetivos principais “a criação de uma dinâmica partilhada de valorização do PN, tendo por base a sua sustentabilidade e incidindo especificamente nos domínios da promoção, sensibilização e comunicação”; o “estabelecimento de procedimentos concertados que visem um melhor desempenho na salvaguarda dos valores naturais e na resposta às solicitações da sociedade, através de uma maior articulação e eficiência das interações entre o ICNF, os municípios e demais entidades públicas competentes”; e a criação de “uma relação de maior proximidade aos cidadãos e às entidades relevantes para a promoção do desenvolvimento sustentável da referida Área Protegida”.

A.F.B.

Subscreva

- Never miss a story with notifications

- Gain full access to our premium content

- Browse free from up to 5 devices at once

Recentes