A Universidade do Minho (UM) e vários municípios participam no projeto Cultur-Monts que valoriza a paisagem e o património cultural de comunidades de montanha do sudoeste europeu, com o intuito de combater o despovoamento e criar oportunidades de desenvolvimento. A iniciativa reúne dez entidades de três países e tem fundos do programa Interreg SUDOE até 2027. Em Portugal, vai incidir no Parque Nacional (PN).
“Queremos converter elementos da paisagem e do património em recursos culturais que valorizem ofícios e formas tradicionais de viver e, por outro lado, que melhorem a qualidade de vida dos habitantes, reforcem a coesão territorial e diversifiquem serviços e opções de emprego, fomentando também a autoestima dos cidadãos e a capacidade de órgãos públicos na atração de visitantes e na captação e fixação de jovens naqueles territórios”, atalha a coordenadora do projeto na UM, Helena Paula Carvalho, professora do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da UM e também investigadora do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT/IN2PAST).
A rede viária romana (Geira), o deslocamento sazonal de gado ou o ciclo do pão são alguns aspetos a explorar com comunidades locais do PN, aliando a transferência de conhecimento e a inovação social. O projeto envolve ainda outros níveis, como o desenvolvimento económico, as políticas das autarquias e a ligação a escolas e aos seus conteúdos programáticos, acrescenta a académica.
Além do Parque Nacional, o Cultur-Monts tem como áreas-piloto de intervenção o Maciço Central (Auvérnia, França), os Pirenéus (Rippolès/Cerdanha, Espanha) e a Cordilheira Cantábrica (Babia e Belmonte, Espanha).
Em Portugal, o projeto conta com a parceria dos municípios de Arcos de Valdevez e Terras de Bouro, da Adere, da CIM Alto Minho e da Gerês Viver Turismo. Nos outros países, participam o Instituto Catalão de Arqueologia Clássica, líder do consórcio, as universidades de Oviedo e de Clermont Auvergne, o Instituto de Ciências do Património, a Reserva da Biosfera de Babia, o Instituto de Auvergne-Rhône-Alpes e diversos municípios. A iniciativa conta com 1,7 milhões de euros, sendo 75% comparticipados.
O encontro inicial deste consórcio foi precisamente no Parque Nacional. As reuniões decorreram, recentemente, no Museu da Geira e no Posto de Turismo de Arcos de Valdevez. Além disso, houve visitas técnicas à Geira romana, em Terras de Bouro (Mata de Albergaria), que conserva a maior concentração de miliários do mundo romano, e a vestígios de três pontes, à paisagem cultural de Sistelo e à paisagem fortificada do Extremo, na qual se destaca o forte de Bragandelo.
O Cultur-Monts assume-se, deste modo, como uma rede de cooperação internacional para definir estratégias no âmbito das paisagens culturais de montanha.