O ambiente eleitoral no xadrez político local promete aquecer em 2025 com a “batalha” autárquica pelo outono, algures entre o fim de setembro e o início de outubro.
Nos Arcos, o PSD só sabe conjugar o verbo “ganhar” desde que há eleições autárquicas democráticas, mas a oposição confia que, desta vez, pode haver uma “viragem” (ou, pelo menos, “um encurtar de distâncias”), fazendo contas a eventuais ganhos eleitorais resultantes de algum hipotético divisionismo e de uma mudança de ciclo nas hostes do PSD, desde logo porque o edil João Manuel Esteves está à beira de completar o último mandato.
A Concelhia do PSD ainda não escolheu o nome que vai candidatar à Câmara, surgindo nesta altura Olegário Gonçalves como candidato mais badalado, mas há uma corrente interna – com peso político – empenhada em lançar uma candidatura “jovem” e “capacitada”, requisitos moldados ao perfil de António Teixeira Rodrigues, atual deputado municipal e, para muitos, “o melhor quadro jovem do PSD-Alto Minho”, solução que podia constituir uma oportunidade para o partido, com poder hegemónico nos Arcos, fazer uma renovação de protagonistas através de figuras como José Lago Gonçalves, Susana Amorim e Nuno Brito.
O PCP, que se reuniu recentemente em congresso de “resistência”, estabeleceu as “estratégias do presente” e apontou a “juventude” como salvaguarda do “futuro do partido”, com enfoque nas autárquicas de 2025. A este respeito, uma fonte da Direção Regional de Viana do Castelo do PCP disse ao NA que “os primeiros candidatos a anunciar serão os concorrentes aos principais centros urbanos”.
Já para o CDS-Arcos, “ainda não chegou o momento certo para debater internamente as próximas eleições autárquicas”.
Ex-vereador de regresso às lides políticas 12 anos depois
Com mais de metade dos presidentes de junta no seu último mandato, e, portanto, impossibilitados de se recandidatarem, o sufrágio de 2025 vai assinalar, por força da lei, uma grande renovação de caras no espetro político das freguesias.
Com o propósito de aumentar o número de votos e de assembleias de freguesia, o PS tentará capitalizar algum – aparente – descontentamento do eleitorado em freguesias como Soajo, Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela ou São Jorge e Ermelo, para tirar o poder ao PSD. Mas os socialistas não se podem dar ao luxo de perder Távora (Santa Maria e São Vicente) e Jolda São Paio, duas das três juntas que detêm e cujos presidentes estão em final de ciclo, sendo que ao PSD daria um gozo especial recuperar a autarquia tavorense, onde António Maria Sousa está de saída, enquanto prepara uma candidatura, já anunciada pelo próprio, à União de Padreiro (Salvador e Santa Cristina), onde reside.
Mas as maiores energias estão, por enquanto, concentradas nas freguesias do perímetro urbano da sede do concelho. Na União de Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela, Lúcio Trancoso, que sucedeu a Francisco Mendes, após o falecimento deste, não vai assumir candidatura, aparecendo Martinho Araújo como cabeça-de-lista do PSD à referida agregação de freguesias, um regresso à res publica 12 anos depois de ter deixado as funções de vereador municipal. Já o PS vai de novo a votos com Jorge Barros, atual deputado municipal e vogal na Assembleia de Freguesia de Arcos (São Paio) e Giela.
Na União de Arcos de Valdevez (São Salvador), Vila Fonche e Parada, Rui Aguiam sai de cena devido à lei de limitação de mandatos e, desta feita, o PSD vai formar lista própria. O nome de Joaquim Campos, prestes a terminar o último mandato à frente da autarquia de Cabana Maior, está entre os favoritos e o próprio não descarta a hipótese de concorrer à agregação urbana, pois, conforme já referiu a este jornal, “no que eu puder ajudar, para o desenvolvimento do nosso concelho, podem sempre contar comigo”.
Mas a debandada nas freguesias pode ser alargada a figuras que ingressaram na atividade autárquica em 2021. Em Soajo, o executivo de Alexandre Gomes não correspondeu às expetativas da população que condena a “inércia” da maioria social-democrata e, no meio, há quem esteja a trabalhar para “formar uma lista independente, mesclada de juventude e experiência, proveniente de vários quadrantes”, mas, se tal objetivo não chegar a bom porto, é provável que António Cerqueira, atual presidente da Assembleia de Freguesia, assuma ele mesmo uma candidatura ao órgão executivo para “revitalizar” Soajo.
“Dinossauro” da política arcuense diz ‘adeus’
A palavra “dinossauro”, sem qualquer conotação negativa e usada nos meandros da política para designar os autarcas com mais longevidade no exercício de funções, aplica-se com toda a propriedade a Arlindo Barbosa, desde 1976 à frente da Junta de Portela que, em resultado da reforma administrativa territorial autárquica, “anexou” a Junta do Extremo em 2013 – por estar no derradeiro mandato, Barbosa não se pode recandidatar à União em 2025.
Arlindo Barbosa, de 84 anos, estreou-se na política há 49, nas listas do PPD-PSD, de onde nunca saiu. Ao longo desta trajetória, venceu com maiorias esmagadoras (acima dos 90%) os vários (mais de dez) atos autárquicos.
Nestas quase cinco décadas que Arlindo Barbosa leva de vida autárquica, além de João Manuel Esteves, atual presidente da Câmara, também Cunha Cerqueira, Fernando Freitas, Américo Sequeira e Francisco Araújo se cruzaram com este veterano da política arcuense.
A.F.B.