Porquê sofrer se nunca nos deixarmos
jamais na prosa ou verso de dizer…
se assim nossa paixão chegasse a ser
tão forte e cega a vir, ela a puxarmos!
E mais… desabafar quanto adorarmos
por não deixar nossa alma a padecer
pelo acaso de não corresponder
se em tudo, de amar, jamais, nos deixarmos?
Porque ter de assistir ao desespero?
Porque, de não agir o ser amado
ao nosso amor? É o fado… é o mais íntimo,
silente eco do Amor, o mais ínfimo,
porquê a não querer sair… ele, o tempero
de noss’alma, em silêncio, a ser cantado?
António Martínez Coello
Casa de Cortinhas, 30 de dezembro de 2024