No passado dia 3 de fevereiro, o Juízo Local Criminal de Arcos de Valdevez, do Tribunal Judicial da Comarca de Viana do Castelo, condenou a ex-presidente da Junta de Freguesia de Ázere, Carla Alexandra Rodrigues, pela prática de “um crime de prevaricação, previsto e punido pelo artigo 11.º da Lei n.º 34/87, de 16 de julho, com a pena de prisão de dois anos e três meses, suspensa por igual período”. Por “discordar da sentença proferida”, a antiga autarca interpôs recurso junto do Tribunal da Relação de Guimarães, para que seja “reposta a verdade material” e “feita justiça” em relação ao seu bom nome e idoneidade enquanto pessoa.
“Descontente” com a sentença proferida pelo tribunal de primeira instância, a antiga presidente da Junta de Ázere frisa que, “depois de ter dedicado praticamente toda a minha vida adulta ao serviço da população de Ázere, percurso pelo qual nutro um sentimento inequívoco de orgulho e de dever cumprido, não posso deixar de apontar para a injustiça de que estou a ser alvo, acreditando piamente que serei absolvida pelo Tribunal da Relação de Guimarães”.
Declarando-se “inocente”, Carla Rodrigues afirma categoricamente que “nunca, em caso algum, retirei qualquer benefício ilegítimo, económico ou de outra natureza, do exercício de funções públicas durante o meu tempo ao serviço da população de Ázere, como, aliás, a sentença proferida esclarece”.
De igual modo, a antiga presidente da Junta de Ázere acrescenta que, nunca, em caso algum, prejudiquei a freguesia de Ázere e/ou os seus cidadãos. O que sempre pautou e moveu a minha atuação […] foi a prossecução do interesse público, visando assegurar melhores condições de vida para todos os meus conterrâneos. Exemplo disso, como resulta da sentença em causa, todas as empreitadas mandadas executar pela Junta de Freguesia de Ázere foram benéficas e ‘constituíram mais-valias para a freguesia’”.
Quanto à intervenção no cemitério, “importa clarificar, de uma vez por todas, sem margem para quaisquer dúvidas, que a obra que havia sido adjudicada e a obra que foi efetuada pelo atual executivo nada têm que ver uma com a outra. Isso mesmo resultou da sentença proferida”, sublinha Carla Rodrigues.
“Serei candidata à presidência da Junta de Ázere nas próximas eleições autárquicas”
Na origem do processo esteve uma denúncia “anónima, maldosa e com intentos perversos, e outros eventos ‘estranhos’ sucederam, como seja o oportuno desaparecimento das Atas da Junta de Freguesia de Ázere das instalações da sede da Junta”, conta Carla Alexandra.
“Não vou permitir que estes comportamentos desleais me desviem do caminho que pretendo continuar e, por conseguinte, guiada pelo sentido de responsabilidade que me caracteriza e imbuída pela força que tenho recebido ao longo destes últimos tempos, provinda de quem me conhece verdadeiramente e sabe quão incapaz eu sou de cometer quaisquer ilícitos, tendo a perfeita consciência de que há ainda muito a fazer pela população de Ázere, serei candidata à presidência da Junta de Freguesia nas eleições autárquicas de setembro [ou outubro] próximo”.
“Quando cheguei em 2021 as atas de 2017/2021 não existiam”
Confrontada com o alegado desaparecimento de Atas da sede da autarquia de Ázere, a atual presidente da Junta de Freguesia devolve as acusações.
“Simplesmente não tem qualquer tipo de fundamento. Quando cheguei em 2021 à Junta de Freguesia de Ázere e quando nos foram solicitadas as respetivas atas do executivo da Junta de Freguesia correspondentes ao mandato de 2017/2021, elas não existiam. Situação que também era do desconhecimento dos meus colegas. Essa inverdade serve apenas para, mais uma vez, tentar confundir os leitores e, claro, os eleitores”, contra-ataca Andreia Fernandes.
A respeito da candidatura de Carla Rodrigues à Junta de Freguesia nas autárquicas do próximo outono, a autarca que preside atualmente aos destinos da freguesia de Ázere diz que “é a democracia a funcionar, tão simples quanto isso”.