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Por “quebra de confiança” e “desarticulação entre pastas” Vereadores do PS renunciaram aos pelouros

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Os vereadores da Câmara de Arcos de Valdevez João Braga Simões e Isabel Araújo, eleitos pelo PS, renunciaram aos respetivos pelouros dos Recursos Hídricos e da Justiça que desempenhavam na autarquia desde outubro de 2021. O anúncio foi feito em reunião do executivo municipal no passado dia 17 de agosto, conforme testemunhou este jornal. 

Na declaração de renúncia, os eleitos do PS dizem ter “perdido a confiança no executivo social-democrata” em virtude de o “processo de aquisição de habitação para pessoas com necessidades especiais estar pejado de erros”, além de a informação constante no Relatório de Avaliação do Imóvel “trocar o número do Lote a comprar”, razão por que a “Câmara se preparava para adquirir o Lote 21, embora tivesse apresentado como elementos justificativos os documentos do Lote 31 e uma avaliação do Lote 31”. Também a falta de canais de comunicação entre o titular dos Recursos Hídricos e o executivo, quando da contaminação bacteriana que levou ao desaconselhamento da prática balnear na praia fluvial da Valeta, entre 8 e 10 de agosto, conduziu ao referido desfecho.

“Tendo em conta os últimos acontecimentos, infelizmente, para nós, está quebrada totalmente a confiança entre os vereadores do PS e o executivo do PSD, pelo que não poderemos continuar a participar da mesma forma nestas reuniões de Câmara. Por isso, não vamos poder continuar a aceitar complementos na véspera das reuniões e complementos no próprio dia; complementos, muitas vezes, incompletos e que suscitam dúvidas. Portanto, não correremos, nunca mais, o risco de patrocinar uma irregularidade como aquela que estava prestes a acontecer, e não queremos correr o risco de errar, nem perante a Câmara, nem perante os arcuenses”, começou por dizer João Braga Simões.

 

“Acabou-se a festa!”

“É agosto e acabou-se a festa! Os vereadores do PS decidem, aqui, hoje [17 de agosto], renunciar às suas pastas, no meu caso o pelouro dos Recursos Hídricos. Devolvo ao presidente da Câmara a pasta tal como ma entregou, vazia, sem o respetivo despacho de delegação de competências, sem nada a não ser as minhas breves tentativas para influenciar processos, sem a mínima articulação com o pelouro do Ambiente, como era exigível, e com um apoio apenas mínimo do funcionário responsável”, acrescentou o jovem médico na nota em que visa diretamente o presidente do Município.

“Achei que o senhor presidente da Câmara ainda preservasse a vontade de mudar aquilo que precisa de ser mudado. De fazer aquilo que, porventura necessário, pudesse ser impopular. Constato, afinal, que o legado político que nos deixa é este, não muito diferente dos anteriores. E a sucessão política que nos quer deixar é também esta. […] Achei que podíamos fazer melhor pelos Arcos”, defendeu João Braga Simões. 

“Por isso, regressamos, a Isabel e eu, à nossa posição original de vereadores da oposição, respeitando o mandato que nos foi entregue pelos arcuenses que viram em nós uma oportunidade para fazer diferente. É a esses que devemos o nosso lugar e a nossa lealdade, e esperando com eles conquistar a confiança dos restantes arcuenses”, observou o vereador socialista.  

“Renúncia dos pelouros é um ato unilateral da vossa parte”

Em resposta, o edil João Manuel Esteves sublinhou que “o PS se demitiu das suas responsabilidades” e que “a maioria social-democrata continuará a funcionar sempre focada no interesse de Arcos de Valdevez e dos arcuenses”.

“Vamos continuar a fazer o mesmo que temos feito: os eleitos do PS a não quererem fazer nada e nós a termos de assumir as responsabilidades. Mas foi esse o mandato que os arcuenses nos confiaram. A renúncia dos pelouros é um ato unilateral da vossa parte e eu só tenho de aceitar. Quando iniciámos o mandato, pensei que seria um momento diferente, mas, afinal, é mais do mesmo, apesar de ter havido sempre abertura da nossa parte para tudo e mais alguma coisa”, contrapôs o presidente do Município, acusando o vereador João Braga Simões de “querer criar um facto político para fazer esquecer a reação que teve na reunião do dia 3 de agosto”.  

“Lamento profundamente que, depois de ter lançado uma suspeição infundada, com uma suposta relação familiar entre a proprietária do Lote e um vereador [Olegário Gonçalves], esteja, agora, a criar um facto político onde ele não existe, para tentar desculpar-se de uma coisa que disse intempestivamente, sem primeiro perguntar”, sustentou João Manuel Esteves.

“[…]. O senhor vereador do PS está a fazer deste assunto [aquisição de imóvel] um cavalo de batalha, quando o objetivo principal é concretizar o projeto. Se houver incoerências ou lapsos, os mesmos serão corrigidos. Acho que devemos contribuir para que as coisas avancem e não criar forças de bloqueio”, concluiu o presidente da Câmara.  

 

“Mau serviço dos vereadores do PS”

O vereador Olegário Gonçalves, com alguma irritação à mistura, condenou a postura dos vereadores do PS. “Lamento o mau serviço que os dois vereadores do PS prestaram na reunião de Câmara de 3 de agosto relativamente ao facto de terem colocado em causa o bom-nome da minha mulher e da minha família”, contra-atacou o vereador social-democrata.

E, no mesmo tom acalorado, prosseguiu: “Não admito as insinuações que os dois vereadores do PS fizeram. Para que não restem dúvidas a pessoa que detém a propriedade [do Lote 31] é Júlia Pereira da Costa Gonçalves e a minha mulher chama-se Maria Júlia Fernandes Guerra Marinho Gonçalves. A minha mulher não tem nada que ver com o nome em causa”. 

Sem se deter, Olegário Gonçalves não se furtou a um debate inflamado tendo as autárquicas de 2025 como pano de fundo. “Ainda bem que entregaram os pelouros, porque acerca deles os vereadores do PS nada fizeram! Há tantas situações na Justiça e no Ambiente, mas eu nunca ouvi os vereadores do PS a dizer nada sobre estes assuntos. […] Preferem falar de outras situações. A propósito, sei muito bem o que dizem a meu respeito nas reuniões do PS. Para já, eu ainda não sou candidato a nada, ao contrário do senhor João Braga Simões. […] Parece que estão à espera de um bode expiatório para me tentarem encostar à parede!”, atirou o vereador da maioria social-democrata. 

 

“Ainda bem que me enganei no nome da pessoa titular…”

Em jeito de réplica, João Braga Simões admitiu que errou ao trocar a identidade das pessoas homónimas. “Eu já pedi desculpa pelo erro despropositado que cometi. O documento refere o nome de Júlia Gonçalves, daí eu ter perguntado, na reunião de 3 de agosto, se ‘a Câmara estava disponível para votar a compra de um imóvel que, segundo pensei eu na altura, era da mulher de um vereador da Câmara’, mas logo percebi que não era a mesma pessoa e, por isso, pedi imediatamente desculpa. Mas ainda bem que me enganei e referi o nome de Júlia Gonçalves, caso contrário era o Lote 21 que ia constar na informação da Câmara, em dissonância com a avaliação feita para o Lote 31 no valor de 240 mil euros e era este o montante que ia ser pago… Talvez só na escritura é que se ia descobrir o erro. Seja como for, o senhor presidente da Câmara não tem de agradecer”, ironizou João Braga Simões. 

 

“Todos os documentos anexos dizem respeito ao Lote 31”

Entretanto, o vereador do Património contraditou as formulações do líder da oposição. “O Relatório não contém qualquer erro relativo à localização do imóvel, a haver erros, esses serão de ortografia. Todos os documentos anexos ao Relatório, e que dele fazem parte, dizem respeito ao Lote 31. A confusão de João Braga Simões advém do facto de, no pilarete da casa (correspondente ao Lote 31) que a Câmara avaliou, constar a placa com a inscrição 21 (número de polícia), mas esta numeração – na agora denominada Travessa S. José – resulta da aplicação da toponímia por parte da Junta de Arcos (São Salvador), Vila Fonche e Parada, conforme foi objeto de aprovação pela Câmara em junho de 2019. Ou seja, o vereador João Braga Simões confunde número de polícia com número de registo da propriedade na matriz do licenciamento. […] Lamento que nunca me tenha consultado para esclarecer as dúvidas que suscitou, porque, se o tivesse feito, não teria incorrido em erros”, observou Nelson Fernandes. 

A.F.B.

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