“Perdeu-se a oportunidade de ter o território unido em prol da defesa dos bombeiros e do nosso território”
Ao fim de quase quatro anos à frente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Viana do Castelo, Germano Amorim demitiu-se do cargo e para o lugar deixado vago avança José Manuel Pereira Alves, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Paredes de Coura. Os elementos do órgão executivo da Federação, bem como os comandantes do Conselho Consultivo Operacional, também bateram com a porta.
Na origem da renúncia de Germano Amorim estiveram divergências “sem os devidos fundamentos técnicos e factuais” que obstaram à entrega de documento que candidatava o Alto Minho, no âmbito do Roteiro 20/30, a beneficiar de fundos comunitários sempre que para tal fossem abertos avisos.
“Criámos um plano estratégico de atuação para todo o distrito, com o Roteiro 20/30, para que atuássemos em conjunto com os demais parceiros na área da Proteção Civil, nomeadamente ANEPC, através do seu comandante sub-regional Marco Domingues e, essencialmente, a CIM Alto Minho, além da Comissão Distrital da Proteção Civil. Um documento que nos preparava para estarmos na linha da frente sempre que houvesse fundos europeus em que pudéssemos ser beneficiários, duma forma estrategicamente concertada para todo o distrito, pensado num só. Ora, aquando da execução de uma dessas missões, em que seríamos beneficiados todos de forma equitativa, em conjunto com a CIM e AXEGA, de Espanha, urgia tomar decisões. O processo decisório foi, pela primeira vez, debatido e discutido com a CIM Alto Minho, através de Bruno Caldas [primeiro secretário executivo] e de Sandra Estevéns [Divisão de Planeamento Estratégico e Desenvolvimento Intermunicipal], ambos demissionários, e com todos os corpos de bombeiros. Além do mais, foi tecnicamente discutido entre as mais altas patentes de comando do distrito, a saber, o comandante sub-regional, Marco Domingues, o comandante de setor, Filipe Guimarães, o comandante da zona do Vale do Lima, Carlos Lima (de Ponte de Lima) e, finalmente, o comandante do Vale do Minho, José Passos (de Monção). Ora, no exato momento em que estávamos pressionadíssimos para entregar o documento que era necessário para sermos beneficiários nesse processo, houve quem manifestasse o seu desacordo face ao que tinha sido decidido, sem os devidos fundamentos técnicos e factuais. Ora, como não gosto de estar em casas que não se governam, nem se deixam governar, sentindo que a forma como o problema foi abordado não foi curial e respeitoso comigo e com todos os parceiros anteriormente mencionados, por não estar agarrado ao deslumbramento do pequeno poder de uma instituição que estava moribunda quando ali cheguei, ao ponto de nem atas ter, relatórios e contas, planos de atividade, um caos de tesouraria, decidi fazer o que é normal no desempenho de uma atividade voluntária, que foi a demissão. Comigo saíram o presidente de Ponte de Lima (Américo Fernandes), o primeiro secretário, de Monção (Gonçalo Oliveira), o tesoureiro e a presidente de Vila Praia de Âncora (Laurinda Araújo), vogal. Os três mencionados comandantes, que pertenciam ao Conselho Consultivo Operacional fizeram o mesmo”, adiantou ao NA Germano Amorim.
“Lamentavelmente, este processo fica a meio. O melhor planeamento dos nossos recursos, que são escassos, é fundamental para a defesa do território. Não podemos continuar a olhar para aquém do muro do nosso quintal. Precisamos de saber respeitar hierarquias e de sermos mais solidários. Mais coesos e ágeis nos processos decisórios e na sua execução. Não podemos continuar a ter uma visão de minifúndio do território, é fundamental alargarmo-nos no distrito, indo além dele”, acrescenta o agora ex-presidente da Federação dos Bombeiros do Alto Minho.
“Perdeu-se a oportunidade de ter o território unido em prol da defesa dos bombeiros e do nosso território. [Apesar disso], estarei atento a todos os processos para que se verifique o sucesso que se deseja, a bem do distrito e de todo o território”, ressalva Germano Amorim.