Desde o passado dia 11 de fevereiro que entrou em funcionamento a Unidade de Retaguarda no segundo piso do Centro de Saúde de Arcos de Valdevez (CSAV). Esta unidade de internamento social, apetrechada com 16 camas, dispõe de todas as condições que uma unidade de convalescença oferece a nível de reabilitação, enfermagem e cuidados médicos. O protocolo assinado emparceira a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), a Santa Casa da Misericórdia de Arcos de Valdevez (SCMAV) e o Município arcuense.
“Pretendemos com esta Unidade de Retaguarda, adstrita à ULSAM, servir a população desta região, acautelando necessidades identificadas – por falta de unidades como esta é que os hospitais estão cheios de pessoas internadas, em situação de fragilidade social, a aguardar vaga na rede da Segurança Social (SS) e nos Cuidados Continuados (CC)”, começou por dizer João Porfírio Oliveira, presidente cessante do Conselho de Administração da ULSAM, enaltecendo o “modelo inovador em termos de funcionamento”.
Deste modo, os doentes dos Hospitais de Viana do Castelo e Ponte de Lima, “depois de terem alta clínica, podem aguardar nesta Unidade de Retaguarda, menos diferenciada, uma solução quer da SS, quer dos CC, libertando-se camas e vagas naqueles dois hospitais, que assim poderão tratar dos pacientes com doenças mais agudas e continuar a operar doentes, evitando-se atrasos nas cirurgias mais urgentes”, ressalvou João Porfírio Oliveira, acrescentando que esta “Unidade de Retaguarda, que reaproveita instalações devolutas há 11 anos, responde à visão dos cuidados de saúde em regime de proximidade”, ao mesmo tempo que “aumenta a resposta clínica na região”.
Por sua vez, o provedor da SCMAV, que teceu elogios ao trabalho desenvolvido pelo presidente cessante do Conselho de Administração, mostrou-se “grato por a ULSAM se ter lembrado da SCMAV para emparceirar a iniciativa como uma entidade competente e confiável” e prometeu “prestar um serviço dedicado e qualificado em função dos compromissos assumidos”.
“Esta parceria é um salto qualitativo e estamos muito satisfeitos por sentirmos que a nossa ação também pode ajudar à maior eficiência da ULSAM, contribuindo para elevar a satisfação das populações”, sustentou Francisco Araújo, que defendeu “um financiamento da ULSAM compatível (valor per capita) com aquele que é dado a outras ULS de Portugal”.
O presidente da Câmara Municipal colocou, de igual modo, o investimento na área da saúde no topo das prioridades. “É extremamente relevante ter dado este passo para melhorar o serviço de saúde, mas o objetivo não está acabado. O aumento de valências, a sua maior proximidade e a melhoria contínua são metas a perseguir”, avultou João Manuel Esteves.
“Além disso, é necessário trazer para os Arcos os meios complementares de diagnóstico e as consultas de especialidade. Estamos a fazer um caminho para disponibilizar estes serviços aos utentes no âmbito do Sistema Nacional de Saúde”, salvaguardou o edil arcuense.
Por seu lado, a diretora clínica dos Cuidados Hospitalares disse “ser uma grande alegria iniciar este projeto de âmbito social na Unidade de Retaguarda, valência que vai permitir facultar cuidados técnico-científicos e humanos em regime de proximidade, além de agilizar as vagas que temos disponíveis para o internamento de casos agudos nos hospitais centrais da ULSAM”, congratulou-se Paula Felgueiras.
Os encargos de funcionamento da Unidade de Retaguarda instalada no CSAV são assegurados pela ULSAM.
A.F.B.
Quatro perguntas a João Porfírio Oliveira
“Cada doente internado na Unidade de Retaguarda custa 115 euros por dia à ULSAM”
- Em que medida a instalação desta Unidade de Retaguarda é uma solução vantajosa em termos de custos?
Esta Unidade vai custar à ULSAM o mesmo que uma Unidade de Convalescença tradicional, ou seja, o acordo feito com a SCMAV respeita o binómio custo-doente como acontece em qualquer outra Unidade de Convalescença, o equivalente a 115 euros por doente (por dia).
- O Centro de Saúde de Arcos de Valdevez carece do serviço de Urgência. É uma preocupação da ULSAM?
A organização das urgências é algo que já foi bastante estudado e certamente haverá outros grupos de trabalho que irão estudar qual a forma mais adequada para as urgências.
Temos reforçado no Centro de Saúde dos Arcos os cuidados de saúde primários com consultas abertas e com consultas disponíveis para o SNS 24 marcar, num regime de proximidade.
- Como é que vê o défice de médicos de família na ULSAM?
A ULSAM é uma das ULS com maior capacidade de atração de médicos de família e temos demonstrado isso com pedidos de contratação de médicos à tutela. Nem sempre temos tido sucesso em ter resposta favorável, temos muitos médicos em prestação de serviço que estão dispostos a ficar connosco, mas não temos essas vagas disponíveis para fazer contratos de trabalho sem termo, que é isso que os clínicos ambicionam também.
- Em que medida a sua dispensa do cargo de presidente do Conselho de Administração foi motivada por razões de saneamento político?
Não vou entrar por esse caminho, é uma decisão do Conselho de Ministros e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a qual me transmitiu a informação que já é conhecida [substituição do Conselho de Administração da ULSAM]. […] Estranho a minha substituição, tal como a de muitos colegas meus, mas a minha saída é, totalmente, pacífica.