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Trocou cidade por freguesia dos Arcos para aproveitar a terra e criar riqueza

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Trocou cidade por freguesia dos Arcos para aproveitar a terra e criar riqueza

Mónica Esteves, de Barcelos, estabeleceu-se, em 2017, no idílico lugar de Redonda, freguesia do Vale, para “ter e dar melhor qualidade de vida aos filhos”. Juntando o útil ao agradável, a família encontrou, aí, as condições ideais para a exploração de agronegócios e do alojamento em consonância com o modo de vida que ansiava, longe do stresse e das canseiras da vida citadina. 

Apesar do negócio das caracoletas não ter vingado (devido ao baixo preço de venda), o projeto ‘Vale do Caracol’ tem crescido e alargou a atividade à horticultura e ao alojamento. “Comecei a dedicar-me à produção de legumes biológicos. Iniciei em dezembro de 2022 a transformação das estufas existentes para produção de hortícolas biológicas”, diz Mónica Esteves, de 37 anos, que, ocasionalmente, conta com a ajuda do marido portuense, Miguel Santos, 43, informático de profissão. 

A área total da estufa é de 3 mil metros quadrados, dos quais estão em uso dois terços. “O objetivo é produzir produtos de qualidade, saborosos, saudáveis e sem recurso a químicos, em sintonia com o ecossistema que nos rodeia. É um produto 100% biológico, em toda a sua cadeia, desde a semente até à colheita (os fitofármacos estão banidos). É, pois, um produto de excelência, pelo sabor, textura e qualidade. Quem prova, sente a diferença”, garante.

O cabaz de bens que sai da estufa é diversificado – alface verde e roxa, beringela, brócolos, curgete, couve-coração, couve-de-Bruxelas, couve-roxa, espinafres, feijão-verde, pepino, tomate cereja vermelha, tomate pera amarelo, tomate cacho, pimento verde e padrão, melão, melancia e meloa –, mas a sua comercialização ainda está numa fase incipiente. “Os produtos estão a ser vendidos para dois minimercados e para uma empresa de distribuição de cabazes biológicos. Depois, são procurados por famílias com sensibilidade para a qualidade e segurança dos mesmos e que sabem reconhecer a diferença de um produto biológico certificado”, congratula-se Mónica Esteves, que se tem confrontado, no entanto, com alguma “inexperiência”, com “elevados custos em apoio técnico”, além da “falta gritante de mão-de-obra qualificada”, isto já para não falar nas “alterações climáticas” e nas “pragas”.

 

Hóspedes procuram “experiências novas e autênticas”

De espírito empreendedor, Mónica Esteves alia a agricultura biológica ao alojamento turístico, que beneficia da “placidez” do lugar. “Todos os nossos hóspedes ficam contentes e voltam para experienciarem coisas novas e autênticas. A tranquilidade que sentem desde que chegam, o espaço cuidado, o contacto direto com os animais da quinta (ovelhas, porcos, patos, galinhas…) e a experiência de colher os legumes favoritos deixam os nossos hóspedes maravilhados. A degustação da boa gastronomia que há no concelho e as sugestões de locais a visitar fazem com que eles queiram voltar para explorar e fruir da natureza de Arcos de Valdevez. Aliás, há três aspetos que, para mim, convidam a uma visita a este território: as atividades de natureza e ao ar livre; a oferta cultural variada e de qualidade; e a tranquilidade (exceto no mês de agosto). Tudo conjugado, e fruto do acompanhamento, da interação, da atenção e do cuidado que consagramos aos hóspedes, não admira que sejamos avaliados por eles com a nota máxima (de 0 a 5)”.

 

“Balanço é positivo, mas foi preciso ter uma grande resiliência”

Radicada nos Arcos há quase seis anos, Mónica não se arrepende do rumo que deu à vida. “Após a mudança de estilo de vida (foi começar quase do zero), o balanço é positivo, mas para isso foi preciso ter uma grande resiliência. Arranjar forma de um negócio funcionar, prosperar e ser rentável, não é tarefa fácil”, admite a empreendedora de Barcelos, que aponta alguns aspetos que carecem de afinamento

“Sou de opinião que ainda há um caminho a desbravar: devia haver mais apoio técnico, por parte do Ministério da Agricultura, para aumentar a taxa de sucesso dos projetos agrícolas, e às entidades locais caberia reforçar as medidas de apoio ao empreendedorismo, conceção de um plano de marketing e reforço de competências”, pormenoriza.

No caso do agronegócio que gere, a empreendedora aponta os principais estrangulamentos que sente no dia-a-dia. “Sinto que é preciso mais apoio para facilitar os canais de escoamento dos produtos hortícolas e aumentar a capacitação técnica. Afinal, todos falam da importância do setor primário e da sua relevância para a criação de postos de trabalho, filosofia consubstanciada na captação de jovens para os cada vez mais esvaziados núcleos rurais, mas, depois, o acompanhamento no processo de reconversão profissional é inexistente”, observa Mónica Esteves.

A.F.B.

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